Covid 19: Saúde sem plano de imunização e com previsões vagas

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O Presidente da República, Filipe Nyusi confirmou, na sua última comunicação à Nação que, afinal, o Governo ainda não tem um plano de imunização e nem está preparado para adquirir as vacinas da Covid-19, estando dependente da iniciativa global Covax, que ainda é uma incerteza e espera ainda a boa vontade de outros povos irmãos.

Antes de Nyusi, foi o Ministro de Saúde, Armindo Tiago, a falar da imunização contra a Covid 19. Ele terá se limitado nas previsões condicionadas pela pré-qualificação da vacina a ser feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No seu discurso em sede do parlamento, em Dezembro último, o ministro apresentou informações vagas, não partilhou o estágio do plano, o número de indivíduos do grupo alvo, a data do início e nem o orçamento.

“A nossa previsão é de que provavelmente tenhamos de começar o processo de vacinação, se a vacina for pré-qualificada atempadamente, entre Junho e Julho (2021)”, anunciou Tiago, quando falava aos parlamentares em princípios de Dezembro de 2020.

Entretanto, 2021 chegou e nada do plano, continuam as mesmas previsões que, dependentes da aliança da Covax, estão próximos do fracasso, segundo algumas análises especializadas. A pré-qualificação é feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no âmbito da iniciativa global Covax que prevê um acesso equitativo de vacinas contra a covid-19 em países de baixo e médio rendimento, como Moçambique.

Dentro desta iniciativa, o País terá direito a seis milhões de doses de vacina, correspondente a 20 por cento da população, percentagem definida no âmbito daquele mecanismo para cada um dos países aderentes.

Única alternativa de Moçambique ainda é uma incerteza

Moçambique está dependente e atrelado a esta iniciativa, que até ao momento não se encontra consolidada. De acordo com a Rauters, que teve acesso a documentos internos da aliança da Covax, o plano poderá falhar, deixando milhões de pessoas sem acesso às vacinas até 2024.

Ainda nos documentos enviados a Gavi, um dos líderes do processo ao lado da OMS e GEPI, lê-se que o risco de fracasso é maior, uma vez que o esquema foi delineado de forma muito rápido, para operar “em território desconhecido”.

São ainda evocados uma série de argumentos que “elevam o risco” de fracasso, podendo potencialmente deixar os países mais pobres e milhões de pessoas sem acesso às vacinas nos próximos três anos. Dos argumentos, são alistados a falta de financiamento, os riscos relacionados com o fornecimento das vacinas, contratos complexos, possíveis custos superiores da vacina, entre outros.

“O risco de fracasso para estabelecer uma distribuição bem-sucedida através da Covax é muito elevado”, refere um relatório interno dirigido ao conselho de administração da Gavi pela Citigroup, contratada para fornecer aconselhamento sobre como mitigar os riscos financeiros.

Em Maputo, a vacina da Covax é única esperada sem nenhum plano de imunização publicamente conhecido. “Atualmente, o Ministério da Saúde está a definir os requisitos e condições para a definição dos grupos a serem vacinados e ainda o processo da estratégia de vacinação”, segundo garantiu no ano passado o ministro de Saúde, que acrescentou que vai ser usada a estrutura montada no Programa Nacional de Vacinação (PNV).

A afirmação mostra-se ainda vaga, num momento em que vários países estão a preparar suas populações anunciando planos de vacinação, desde a definição dos grupos prioritários, o orçamento, para além do plano para fazer face aos sérios desafios ligados a logística.

A nível global, já foram compradas ou encomendadas sete mil milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus, de acordo com dados do Centro de Inovação para a Saúde Global da Universidade de Duke, na Carolina do Norte (EUA). “Já foram adquiridas 3700 milhões de doses por países de altos rendimentos, através de acordos bilaterais, 1700 milhões de doses por países de baixos médios rendimentos e ainda 700 milhões por países de rendimento alto-médio”, apontam a distribuição. Na frente da compra, encontra-se os países ricos.

Em África, os países como África do Sul, Nigéria, Seicheles, começarem este mês de Janeiro a receber as doses encomendadas.

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