Argumentos do GABINFO desmentem vitimização do jornalista Tom Bowker

POLÍTICA

Depois de uma chuva de especulações em torno da “expulsão”, do jornalista britânico, Tom Bowker, como é conhecido nos meandros jornalísticos, o Gabinete de Informação de Moçambique (GABINFO) veio clarificar que, afinal, houve falta de honestidade por parte do jornalista, ao se apresentar, depois de romper com a Bloomberg, como correspondente de uma empresa de comunicação social que legalmente não existe.

Do comunicado do GABINFO, enviado ao Evidências, consta que este órgão emitiu um cartão de acreditação a favor do jornalista Thomas Andrew Bowker, como correspondente residente da Bloomberg L.P. No mesmo ano, foi-lhe atribuída a autorização de residência para o exercício pleno da sua actividade como jornalista estrangeiro em Moçambique.

No entanto, já em 2016, sucedeu que Bowker solicitou a mudança do cartão de correspondente da Bloomberg, para passar a ser correspondente residente da Zitamar News, entendida, na altura, como sendo uma agência noticiosa com sede em Londres, numa clara incapacidade do Gabinfo de averiguar a veracidade de informações que lhe são apresentadas.

Em 2019, Bowker solicitou a renovação da acreditação como correspondente residente da Zitamar News para continuar a exercer a sua profissão. E, com base nesta acreditação, como correspondente da Zitamar News, foi emitido o DIRE (autorização de residência) a seu favor e igualmente para os seus filhos.

No entanto, ao longo do tempo o GABINFO foi constatando que, “diferentemente de outras agências noticiosas, que têm sede num determinado país e correspondentes em vários países do mundo, incluindo Moçambique, a Zitamar News tinha como sede o nosso país e vinha produzindo e editando os seus conteúdos informativos a partir de Maputo, o que contraria o espírito da Lei na qual assenta a qualidade correspondente de um órgão de comunicação social estrangeiro”, lê-se no comunicado do GABINFO.

Diante dessas dúvidas, Bowker, quando solicitado, não conseguiu provar documentalmente a ligação entre a Zitamar News e a Zitamar LP (esta última empresa encontra-se registada na Inglaterra e desenvolve actividades de prestação de serviços, incluindo de informação), embora tenha sido por ele identificada como sendo a empresa proprietária da Zitamar News, na base da qual lhe fora atribuída a acreditação.

“Perante as irregularidades verificadas, o GABINFO solicitou a devolução do cartão de acreditação como jornalista estrangeiro emitido a favor do senhor Thomas Andrew Bowker, com as suas devidas consequências legais”, concluiu GABINFO. Embora não está esclarecido pelo GABINFO, as consequências legais avocadas são a não renovação do DIRE, uma vez que lhe foi recusado a renovação do credencial.

Expediente político?

No entanto, vários segmentos da sociedade moçambicana consideram a “expulsão” de Tom como sendo um expediente político visando ocultar a verdade sobre a guerra em Cabo Delgado, assunto sobre o qual a Zitamar vinha se especializando.

O MISA-MOÇAMBIQUE (Instituto para a Comunicação Social da África Austral- Moçambique) manifestou esta sexta feira, (29.01), “a sua profunda preocupação e repúdio perante a decisão do Governo de expulsar o jornalista e editor”.

“De particular preocupação está o facto de a decisão ter sido tomada de forma arbitrária, sem o seguimento dos procedimentos legais que, quanto ao MISA, eram pertinentes para este caso, como, por exemplo, a não fundamentação da decisão, assim como a sua transmissão por via oral, sem qualquer documento oficial escrito”, explica o Instituto através de um comunicado.

O MISA considera ainda que as autoridades governamentais tinham o dever de provar “a matéria acusatória em fórum próprio” e ao visado ser dado o direito à defesa.

O instituto salienta que “o assédio a que o jornalista e sua família foram sujeitos era absolutamente injustificável” e chama a atenção para a falta de “transparência e profissionalismo” que ditaram a condução do processo.

“Deixa transparecer que se esteja a usar as instituições do Estado para a movimentação de expedientes políticos de manifesta ilegalidade”, sublinha.

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