O antigo Ministro da Saúde, Hélder Martins, demitiu-se do cargo de membro da comissão técnico cientifica para a prevenção e resposta a covid-19. Através de uma carta enviado ao Presidente da Republica, o professor e especialista em saúde pública, explica os motivos que o levaram a demitir-se da Comissão Técnico-Científica para Prevenção e Resposta à Pandemia de Covid-19.
Para Hélder Martins, apesar de se mostrar orgulhoso por ter liderado uma “equipa multidisciplinar de investigação, inteiramente constituída por moçambicanos, a comissão em que fora liderada por si nos últimos onzes meses nasceu torta.
“A Comissão Técnico-Científica nasceu torta: Uma comissão técnico-científica não pode ser dirigida por um político, e um ministro. Mesmo que muito brilhante médico e académico, no dia em que toma posse como ministro torna-se um político. Portanto, desde o início, houve uma nítida intenção de introduzir factores políticos na gestão da epidemia. Uma epidemia não pode ser gerida por políticos,” rematou Martins.
Se por um lado, o especialista em saúde pública critica igualmente o fechamento da comissão aos média e à sociedade e revela que “houve uma decisão superior para que a comissão se mantivesse numa torre de cristal, longe de todos”. Por outro observa que a comissão deve ser para aconselhar o país e não só o Governo, considerando que “a abertura da comissão à sociedade e aos órgãos de comunicação social teria evitado uma série de falsas notícias que circulam nas redes sociais e que só causam pânico na população”.
Continuando, Hélder Martins declarou que, por estar sob a tutela dum ministro, a comissão teve dificuldades em desenhar um plano de trabalhos baseado na evidência científica.
“Em várias ocasiões, diversos membros da comissão levantaram a questão da necessidade dum acompanhamento rigoroso da situação epidemiológica do país e da definição dum programa de trabalho baseado nessa evidência, mas sem grande resultado,” escreveu.
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