No último mês de 2020, o número de deslocados provocados pelo conflito militar na província de Cabo Delgado subiu para 670 mil pessoas. Por outro lado, há, de acordo com agências humanitárias das Organização da Nações Unidas, registo de cerca de 950 mil pessoas a enfrentarem uma fome severa.
“Além das pessoas que fugiram das suas casas, na maioria crianças e jovens, muitas comunidades que os recebem estão sob pressão e estima-se que haja 950 mil pessoas a enfrentar fome severa nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, sendo 242 mil crianças com desnutrição grave”, lê-se no relatório das Nações Unidas.
Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), há um rasto de destruição em Cabo Delgado e algumas zonas estão desertas. “As comunidades em áreas menos atingidas de Cabo Delgado, bem como nas províncias vizinhas de Niassa e Nampula, estão a demonstrar uma incrível solidariedade e generosidade com os deslocados que fogem da crise”.
Se por um lado, as comunidades das zonas consideradas seguras estão sobre uma enorme pressão e com escassez de recursos, uma vez que receberam familiares e amigos que fugiram das zonas atacadas pelos insurgentes. Por outro lado, a insegurança aumentou o custo de vida, em muitas partes de Cabo Delgado, especialmente em áreas particularmente afetadas pelo conflito, incluindo os distritos de Palma, Macomia e Mocímboa da Praia.
Aumentam os casos de cólera
A movimentação massiva de pessoas devido ao terrorismo e as más condições de saneamento básico originaram de um surto de cólera na província de Cabo Delgado.
Nos primeiros meses do ano em curso, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários observa que houve aumento de casos de cólera entre os deslocados. Na primeira quinzena de Fevereiro corrente, foram registados cerca de 5000 casos e 55 mortes, com o maior número no distrito de Metuge, onde têm funcionado vários campos de acomodação.
Para o OCHA, o conflito danificou ou destruiu um terço das instalações de saúde na província de Cabo Delgado, especialmente em Mocímboa da Praia, Macomia, Muidumbe e Quissanga.
De referir que Cabo Delgado é uma província rica em pedras preciosas, madeiras e local onde avança o maior investimento privado de África para extração de gás natural a partir de 2024.
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