De vez em quando… Carreirismo político

OPINIÃO

Por: Afonso Almeida Brandão

Uma das causas mais evidentes da degenerescência do Sistema Político Moçambicano reside na profissionalização da actividade política. Os profissionais da Política são, geralmente, pessoas que abandonaram (ou não conseguiram, sequer, começar a exercer) outras actividades. Raramente tiveram profissão em que se realizassem como cidadãos e muitos só têm emprego quando o Partido está no Poder. Alguns abandonaram (ou não conseguiram concluir) a formação académica para abraçar a profissão de Político. Há mesmo quem não esconda a aversão a qualquer forma de trabalho. Trabalhar é para alguns deles um suplício insuportável.

Este fenómeno gera o chamado “carreirismo político”, uma situação em que o objectivo predominante do agente político é a defesa do próprio interesse profissional de chegar longe e alto. O que verdadeiramente lhe interessa é a própria carreira profissional. Mal começam a dar os primeiros passos na Política (na adolescência ou juventude) eles aprendem logo as “boas técnicas” do sucesso: cotoveladas, facadas nas costas, estrangulamentos por trás, intrigas, conspirações, traições, assaltos ao Poder, etc., etc., etc..

Quando chegam a adultos não sabem fazer mais nada, porque, na verdade, nunca fizeram outra coisa. Alguns até se gabam de terem começado aos 14 anos, como se isso lhes conferisse vantagem competitiva. Podíamos, aqui, falar de alguns exemplos de políticos moçambicanos que “pululam” por aí, mas não desejamos “incomodar” ninguém nem ferir susceptibilidades, pois os ditos políticos são pessoas “muito sensíveis” e ficam rapidamente irritadas…

Um dos grandes problemas da vida Política Moçambicana é o peso que nela têm «esses carreiristas». Eles subalternizam acintosamente os interesses dos cidadãos (que dizem representar) em benefício dos próprios interesses  e/ou dos partidos em que se “acomodaram”. Durante as campanhas eleitorais (incluindo as presidenciais) todos eles prometem e o seu contrário aos Eleitores, mas, depois de eleitos, deixam de ter qualquer compromisso com quem os elegeu e passam imediatamente a defender os interesses pessoais e a servir, não ao povo, mas às direcções dos partidos, pois que, de outra forma, não voltarão a ser candidatos (e lá se iria o “poleiro”, digo, a sua “carreira política” por água abaixo). Acabar com esse “carreirismo” é, hoje, uma exigência ética da República de Moçambique. Que já se faz tarde, convenhamos.

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