Na sua última comunicação à nação, o Presidente da República, Filipe Nyusi, apesar de ter mantido no espírito e na letra as medidas do decreto anterior, decidiu aliviar algumas regras e introduziu algumas excepções, com destaque para a possibilidade de realização de reuniões com mais de duas centenas de participantes, mediante autorização do governo, o que abre espaço para o agendamento da reunião do Comité Central do partido Frelimo, que vem sendo adiada a mais de um ano.
“Excepcionalmente, em situações devidamente fundamentadas e após prévia avaliação do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, que poderá ser autorizada a realização de conferências e reuniões, com um número de participantes não superior a 300 pessoas”, revelou Nyusi.
Este ponto retira a última barreira que, até o momento, não permitia a realização da reunião do comité central do partido Frelimo, que, do resto, vem sofrendo sucessivos adiamentos desde o início da pandemia da Covid-19.
A reunião do Comité Central é composta por 180 membros efectivos, para além de convidados e membros honorários.
Depois de, em 2020, pela primeira vez, na sua história recente, a Frelimo ter falhado a realização do Comité Central, este ano, foi adiado pelo segundo ano.
Inicialmente, o conclave dos camaradas estava agendado para os dias 26 e 27 de Março últimos. No entanto, acabou sendo adiado para uma data por se anunciar, mas mantiveram-se os preparativos.
O evento realiza-se anualmente, geralmente na última semana de Março. O aumento de casos da Covid-19 é apontado como sendo a razão do adiamento daquele que é o órgão deliberativo mais importante do partido no intervalo entre os congressos
A ser agendado, o Comité Central da Frelimo vai acontecer num contexto de grande crise devido ao avanço da guerra em Cabo Delgado e o abandono da Total que está a colocar os camaradas em “parampas” depois de terem apostado tudo na indústria de petróleo e gás, agora mergulhada numa incerteza sem precedentes.
As omnipresentes dívidas ocultas, aliadas ao escândalo dos comprovativos de recebimentos de dinheiro da Privinvest, o caso Samora Machel Júnior e mais tarde uma suposta “guerra” entre as alas Guebuza e Nyusi, são velhas feridas que, apesar do tempo, deverão ser enfrentados pelo Presidente da Frelimo, acrescentando-se ao tema da sua sucessão.
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