O atletismo moçambicano está longe dos seus tempos de glória. Desde a retirada de Maria de Lurdes Mutola, carinhosamente tratada por “Menina de Ouro”, Moçambique perdeu peso na arena desportiva internacional. Por ver a modalidade, que num passado recente deu grandes alegrias aos moçambicanos, com títulos mundiais, olímpicos e africanos, moribunda, Mutola equaciona candidatar-se à presidência da Federação Moçambicana de Atletismo, mas para avançar quer garantia de apoio, inclusive financeiro, de forma a levar a cabo os projectos que têm desenhado para a modalidade.
Texto: Duarte Sitoe
Maria de Lurdes Mutola, considerada por muitos a melhor atleta moçambicana de sempre, foi homenageada, no domingo (25), na capital moçambicana, com a realização de uma prova de triatlo e adiantou que está a angariar apoios para sustentar a sua candidatura, sendo que a decisão final será anunciada em breve.
Kamal Badrú, secretário-geral no mandato do actual administrador de Marracuene, Shafee Sidat foi o primeiro a assumir a candidatura para a presidência da federação, mas tudo indica que terá uma concorrente de peso no próximo pleito eleitoral.
“Em termos da minha candidatura ela ainda está de pé, mas tudo pode vir a mudar porque é muito importante ter apoio para a federação, não gostaria de ir à Federação Moçambicana de Atletismo sem apoios, sobretudo o financeiro, para poder desenvolver a modalidade, porque é muito difícil fazer algo naquela posição. Se as coisas continuarem da forma como estão agora nada vai acontecer, gostaria de avançar com apoio de várias instituições para poder resgatar a modalidade”, disse Mutola.
Quando faltam pouco mais de 90 dias para o arranque dos Jogos Olímpicos, Tóquio 2021, Moçambique ainda não tem nenhum representante da modalidade de atletismo. Há possibilidade de Creve Machava ou Kurt Couto seguirem para o Japão a convite da Solidariedade Olímpica.
A “Menina de Ouro” pretende inverter este triste cenário, ou seja, quer que os atletas moçambicanos consigam participar nas grandes provas internacionais por mérito próprio
“É muito triste porque o atletismo sempre foi a modalidade número um de Moçambique nos Jogos Olímpicos. Para chegarmos a esta situação de não termos um atleta é lamentável, é por essa razão que acho que tínhamos que mudar um bocadinho e tentarmos porque acredito nos atletas, acredito que temos muito talento, só precisamos de trabalhar para podermos ter mais de dez atletas com mínimos olímpicos, mas tudo leva o seu tempo, temos que trabalhar e apostarmos certo”, considerou Mutola.
“Mutola Legends” para descobrir novos talentos do atletismo moçambicano
Para descobrir e formar os novos valores do atletismo moçambicano, Maria de Lurdes Matola pretende lançar, nos próximos dias, o projecto “Mutola Legends”. Com esta iniciativa a antiga campeã mundial e olímpica dos 800 metros quer que os atletas nacionais possam alcançar marcas que permitam a participação em provas internacionais.
“Não é fácil motivar a camada jovem, mas estou a fazer todos possíveis para fazer crescer o atletismo e, nesse sentido, acabo de lançar o projecto “Mutola Legends” que é uma iniciativa que vai ajudar a modalidade no país, e espero que cresça cada vez mais e que tenhamos grandes atletas no futuro, sei que tudo leva tempo e não é fácil, mas acredito no trabalho duro”, anunciou Mutola.
Na fase piloto, o projecto vai apenas movimentar jovens da capital moçambicana, mas Mutola pretende nos próximos, mediante ao abrandamento da covid-19, alarga-lo para todos os cantos do país.
“Mutola Legends é um projecto que tem aver com o desenvolvimento do atletismo, ainda estamos na fase inicial, trabalhamos com atletas femininos e masculinos de vários bairros de Maputo, gostaríamos de lançar este projecto para outras províncias, só que temos a questão da pandemia, mas acho que com tempo tudo vai dar certo”, disse a Menina de Ouro.