Tal como avançou o Evidências, na sua última edição (22), a Comissão de Inquérito, constituída para averiguar alegações de exploração sexual de reclusas na Cadeia Feminina de Ndlavela, conseguiu provar o escândalo, peso embora tenha se notado um esforço enorme para tentar retirar o mérito à investigação do Centro de Integridade Pública (CIP).
Em 30 páginas, grande parte das quais dedicadas a contrariar as evidências do CIP, a Comissão de Inquérito, baseada em entrevistas às reclusas acabou comprovando que as mulheres são frequentemente coagidas a fornecer sexo a guardas penitenciários e homens estranhos em troca de “favores”, como alimentos extras ou produtos de higiene pessoal, ou para evitar punições, tal como se pode extrair de alguns depoimentos que constam do relatório.
“O que acontecia aqui, são essas filhas da/o Chefe A1 que se envolviam com os homens que entravam aqui, que eram metidos pela/o Chefe A1. Elas se encontravam com eles na costura grande, tinha um colchão lá e fogão que usavam para cozinhar. Saiam de manhã e só voltavam na hora do fecho. Como nós estamos deste lado, não víamos o que acontecia do outro lado, até podiam sair sem nós vermos. Nós só conseguimos ver a costura grande porque do nosso recinto é possível ver os movimentos. As filhas do/a Chefe A1 eram as únicas que não eram proibidas de sair do recinto, saiam quando queriam, podiam andar esta cadeia toda sem ninguém lhes ralhar ou proibir…”.“…Havia uma menina que era convidada todos os dias pelo/a Chefe A1… mas essa saiu no dia 21.06.2021…”., disse uma das reclusas citadas no resumo do relatório, numa clara alusão à chefe Berta.
As reclusas entrevistadas confirmaram que há colegas que saem regularmente do estabelecimento e que gozam de protecção dos guardas penitenciários e têm uma série de privilégios, embora não sabem dizer o que realmente fazem cá fora.
“A Chefe “A2” [reclusa-chefe do recinto] escolhia algumas meninas de sua preferência aos fins-de-semana e feriados, para a sala de costura grande, onde vinham homens de fora do estabelecimento em 3 carros para participarem em festas que aconteciam no interior do EP e lá aconteciam as coisas …”.
Tal como avançou o Evidências na sua última edição, a Comissão de Inquérito confirmou que a famosa “chefe Berta” de promovia frequentemente festas aos finais de semana, regadas de muito álcool e carnes, em que algumas reclusas eram escolhidas a dedo para participar e fazer as delícias dos visitantes.
“…Todos os fins-de-semana e feriados vinham pessoas, traziam bebidas, carnes e faziam bray. Quando chegava a hora dos “apetites” elas já saiam da cela preparadas. Os homens davam dinheiro à Chefe A1…”.
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