Falsificação de vinhetas da inspecção e relaxamento da fiscalização inquieta Stela Zeca

SOCIEDADE
  • Autoridades governamentais ressuscitam velhos problemas

Na primeira quinzena de Julho corrente houve derramamento de sangue nas estradas moçambicanas. O primeiro acidente ocorreu em Maluana, no distrito de Manhiça, em que morreram mais de 30 pessoas. O segundo foi em Mafambisse, província de Sofala, que matou oito pessoas. Os acidentes trouxeram à tona os mesmos problemas de sempre, ou seja, a falta de manutenção de estradas e de veículos e fraca fiscalização dos agentes reguladores de trânsito como polícia de trânsito, INATTER.

No dia 09 de Julho corrente, a Secretaria do Estado da província de Sofala abandonou o conforto do seu gabinete para visitar os sobreviventes que se encontram internados no Hospital Central da Beira, tendo mais tarde visitado o Centro da Inspecção de Veículos, com o intuito de se inteirar do funcionamento desta instituição pública

A inspecção de veículos culmina com atribuição de vinheta de identificação de cada viatura inspeccionada, contendo informações do estado da viatura e o período após o qual devera retornar à inspecção. Durante a visita, a secretária do Estado constatou que há vinhetas falsificadas e outras com proveniência duvidosa.

O técnico do centro de inspecção de veículos, Adalberto Agostinho, acusou, na ocasião, a polícia de trânsito de relaxamento no que respeita ao processo de fiscalização de viaturas na via pública.

De acordo com Agostinho, no acto de inspecção foi constatado uma viatura inspeccionada no mês de Fevereiro e foi reprovada, tendo retornado à inspecção nas primeiras horas do dia 09 de Julho corrente. O técnico do centro de inspecção de veículos declarou que a viatura em alusão circulou mais de cinco meses ilegalmente e apontou o dedo aos agentes da polícia de trânsito que têm a responsabilidade de fiscalização das viaturas nas estradas nacionais.

“Os falsificadores das vinhetas fazem em formato A4 e alteram a matrícula, e constatado este tipo de caso temos comunicado ao INATRO, e só este ano reportamos ao INATRO três casos, e cabe a eles darem seguimento dos mesmos”, disse Agostinho.

Questionado sobre as viaturas reprovadas que continuam a circular na via pública, o delegado do INATRO, José Chilevo refutou as acusações, mas reconheceu a existência de relaxamento das medidas de fiscalização e responsabiliza a polícia de trânsito, uma vez  que estes têm estado a tempo inteiro em diversos pontos fixos e móveis na fiscalização.

“Nós não recebemos nenhuma reclamação de vinhetas falsas”, disse Chilevo, dando a entender que os agentes da polícia preocupam-se tão-somente em extorquir os automobilistas na via pública.

 Tentativa de repor a legalidade redunda em fracasso

A circulação ilegal de viaturas na via pública é um  assunto com barbas brancas. Durante a visita da secretária de Estado ao Centro de Inspeção  ficou patente que o problema está muito longe do fim.

Segundo o que apurou a nossa equipa de reportagem, quase todos os sectores envolvidos na fiscalização dos carros não cumpre o seu papel. Para a secretária do Estado na província de Sofala, os sectores não conhecem as suas responsabilidades.

“A partir de agora a fiscalização vai ser intensa, porque estamos todos preocupados com a situação que está acontecer e não dá para tratar como assunto normal”, disse revoltada a secretária do Estado

Volvidas 24 horas após a visita da secretária do Estado, o Evidências fez uma ronda e constatou casos de viaturas de transporte semi-colectivo em circulação, sem condições, transportando passageiros.

A título de exemplo, uma viatura com a chapa de matrícula AAW 321 MP, no sentido Baixa Munhava, visivelmente sem condições para circular nas estradas.

Alguns motoristas de transporte semi-colectivo entrevistados pela nossa equipa de reportagem afirmaram “enquanto os comandantes da polícia, agentes da polícia de trânsito e outras elites tiverem frotas de viaturas na via pública, a resolução do problema é uma história para o boi dormir e nós seremos sempre sacrificados, porque eles se conhecem”, disse.

“Para circular na via pública temos que pagar 200 a 500 meticais aos agentes da polícia”, disse um outro entrevistado.

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