Mambinhas contentam-se com o quarto lugar na COSAFA

DESPORTO

A selecção olímpica (sub 23) que representou o país no Campeonato Regional da África Austral, prova sobejamente conhecida por Taça COSAFA, caiu na quarta posição, após perder no jogo de redenção diante da sua congénere do eSwatini por 4 a 2 na lotaria das grandes penalidades, na sequência de um empate a uma bola. Apesar de não ter conseguido terminar a prova nos lugares de pódio, o seleccionador nacional, que na antevisão prometeu um dos três primeiros lugares, diz ter conseguido observar jogadores para formar a espinha dorsal com a qual vai atacar a próxima fase de qualificação ao CAN, uma vez que a qualificação para o Mundial não entra na lista das prioridades da Federação Moçambicana de Futebol.

Mesmo com o Moçambola em curso, tal como aconteceu no Torneio Triangular, realizado no Estádio Nacional de Zimpeto, o seleccionador nacional, Horácio Gonçalves, optou por chamar a selecção olímpica para defender as cores nacionais na prova disputada na vizinha África do Sul.

Apesar de na antevisão da participação na COSAFA, Horácio Gonçalves ter dito que ia a África do Sul para lutar por um lugar de pódio, olhando para as suas escolhas, Moçambique não ia para a terra do rand com objectivo de conquistar a prova, mas sim para dar rodagem e internacionalizações ao grosso dos jogadores que vestiu pela primeira vez a camisola do combinado nacional no Torneio Triangular.

Na prova realizada na capital moçambicana, Horácio e os seus Mambinhas conseguiram aliar o útil ao agradável, ou seja, vencer com “nota artística”, deixando água na boca no seio da crítica desportiva nacional. As exibições conseguidas frente aos rivais (Lesotho e eSwatini) teoricamente mais acessíveis, serviram de preparação para a Taça COSAFA, prova que Moçambique conquistou no que aos seniores diz respeito.

Ao contrário do que aconteceu no Triangular, na COSAFA, o seleccionador nacional não contou com os préstimos de Bruno Langa e Geny Catamo, jogadores que seriam mais-valia para o combinado nacional. Os dois internacionais não foram libertados pelos seus clubes.

Bruno trocou o Vitória de Setúbal pelo Desportivo de Chaves e na presente época vai competir na segunda divisão, enquanto Catamo vai, uma vez mais, tentar convencer Ruben Amorim que merece uma oportunidade para fazer parte do plantel principal do campeão português.

Um empate animador frente ao recordista da prova

Face a desistência de países como Madagáscar e Ilhas Maurícias, devido a curva ascendente de número de infecções e óbitos por Covid-19, a organização da prova viu-se obrigado a reduzir de quatro para dois o número de grupos.

Quis o sorteio que Moçambique integrasse o grupo B juntamente com as selecções do Malawi, Namíbia, Zimbabwe e a convidada Senegal. Na primeira ronda, os meninos de Horácio Gonçalves tiveram um verdadeiro baptismo de fogo, uma vez que defrontaram o Zimbabwe, por sinal o conjunto com mais troféus na competição.

Assim como Moçambique, o Zimbabwe não trouxe as suas principais estrelas para o certame. Na primeira jornada, os Mambas mostraram uma excelente coesão defensiva e optavam pelo contra-ataque para visar a baliza contrária. Nenhuma das duas equipas conseguiu furar as redes e a partida terminou com a divisão de pontos.

Enganou-se quem pensava que o combinado nacional exibiria a mesma performance conseguida frente aos nascidos nas terras de Robert Mugabe. Os Mambinhas não conseguiram contrariar o favoritismo dos senegaleses, tendo perdido pela margem mínima e complicado as contas do apuramento para a fase a eliminar.

Com o desaire frente aos senegaleses, Moçambique viu-se obrigado a encarar as partidas que faltavam como autênticas finais para materializar o sonho de marcar presença na fase que antecede a final daquela prova regional. O Malawi foi o oponente da terceira jornada. Nesta partida, o combinado nacional conseguiu a sua melhor exibição.

A selecção nacional não conseguia transformar em golos o seu domínio ao longo da primeira parte. Através de uma grande penalidade mal assinalada a favor de Moçambique, Victor fez o primeiro golo de Moçambique na prova.

No período complementar, os Mambinhas voltaram a estar na mó de cima. Quando o Malawi estava lançado para o ataque à procura do golo da igualdade, Bonera fixou o resultado final em 2 a 0. Moçambique passou a somar três pontos e deixou de depender de terceiros para chegar às semi-finais.

Na derradeira ronda da primeira fase, o combinado nacional teve pela frente a selecção da Namíbia que já estava com um pé nas meias-finais, uma vez que só precisava de empate para chegar à fase a eliminar. Por estar em vantagem, os namibianos entregaram as rédeas da partida para os moçambicanos com o intuito de surpreender nas transições rápidas, mas Horácio Gonçalves veio com a lição bem estudada, ou seja, não deu espaços para manobras ao seu adversário.

No primeiro tempo, Moçambique dominou em termos de posse de bola, mas as oportunidades de golos foram escassas, tendo as equipas saído para o intervalo com o nulo no marcador.

Na segunda parte, a Namíbia voltou a baixar as suas linhas e Moçambique não deixou o seu crédito em mãos alheias. Quando tudo indicava que o embate terminaria com o nulo no marcador e a consequente qualificação dos namibianos para as meias-finais, Melque, o suspeito de costume, desfez a igualdade e apurou os Mambinhas para a fase que antecede a final daquele certame regional.

Mambinhas goleadas nas meias-finais

Na qualidade de segundo classificado do grupo B, nas meias-finais Moçambique teve como rival a anfitriã África do Sul. Nesta partida, a falta de experiência dos pupilos de Horácio Gonçalves veio ao de cima. Os sul-africanos não tiveram muitas dificuldades para carimbar o passaporte para a final.

Os Mambinhas foram goleados pelos categóricos 3 a 0, mas o jogo foi marcado por uma cena inusitada entre os jogadores moçambicanos. Depois de sofrer o primeiro golo, o guarda-redes moçambicano, com muito ainda por se jogar, perdeu a cabeça e empurrou os seus colegas devido a forma apática como abordaram o lance que culminou com o golo dos Bafana-Bafana.

Do banco, Horácio Gonçalves conseguiu serenar os ânimos, mas o destino do jogo já estava traçado.

Afastados da final, restava apenas aos Mambinhas lutarem com o eSwatini para terminar a Copa COSAFA no terceiro e último lugar do pódio. Nesta partida, Horácio Gonçalves fez algumas mexidas no seu xadrez, o “nervoso” Hernani ficou na bancada e Vitor Guambe assumiu a baliza nacional.

As mexidas surtiram efeito, uma vez que Moçambique controlava as incidências da partida e chegou à vantagem ainda na primeira parte. Na segunda parte, Horácio Gonçalves foi traído pelo pragmatismo, ou seja, os Mambinhas entregaram as rédeas do jogo aos “swazis” que aproveitaram para restabelecer a igualdade aos 89 minutos.

Com o empate registado no final do período regulamentar, recorreu-se à lotaria das grandes penalidades para se conhecer o terceiro lugar da Taça COSAFA. Na marca dos 11 metros, Moçambique acertou apenas duas vezes contra quatro de eSwatini e teve que se contentar com o quarto lugar.

As seis partidas disputadas no solo sul-africano, Moçambique somou duas vitórias, dois empates e duas derrotadas, tendo marcado cinco e sofrido mesmo número de golos. O combinado nacional não conseguiu igualar a sua melhor prestação de sempre neste certame, mas o seleccionador nacional assegura que o mais importante foi conseguido.

“Os objectivos mais importantes foram atingidos e isso é o mais importante. Conseguimos uma boa participação com uma equipa jovem que demonstra aquilo que queremos para o futuro. Este grupo de jovens pode trabalhar nos seus clubes para merecer que pode estar nos Mambas. O nosso objectivo era criar um viveiro e isso foi conseguido ao longo desses seis jogos”.

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