O REINO DOS “CHICOS ESPERTOS”

OPINIÃO

Por: Afonso Almeida Brandão

O declínio das Instituições está patente aos olhos de todos e uma das suas consequências é, certamente, o sentimento de impunidade que arrasta consigo o clima de insegurança.

Pouco se espera da Justiça, porque parece incapaz de corrigir os casos mais graves dos males políticos e sociais, como o nepotismo e a corrupção; pouco se espera da Polícia, porque lhe falta meios e quase sempre está onde não faz falta; pouco se espera da Escola, porque deixou de formar cidadãos responsáveis e profissionais competentes; pouco se espera dos Partidos, porque, submetidos a personalidades em detrimento da ideologia, perderam o sentido das causas e tornaram-se meros instrumentos de interesses de grupos; pouco se espera da Família, porque os laços que faziam a memória da sua unidade e teciam a excelência da cooperação em vida comunitária foram rompidos pelo individualismo e egoísmo; pouco se espera do Estado, porque perdeu a autoridade que impunha o bem-comum e gerava a confiança nas Instituições, nos governos e nas relações entre os cidadãos; pouco de espera da Igreja, porque faz da prudência uma regra de cálculo, abdicou de ser a voz incómoda da denúncia e da hipocrisia e parece alheada da proclamação dos princípios morais que devem regular a vida dos povos; e já ninguém acredita na Política, porque nela tudo soa a falso, a mediocridade e a vazio. E, porque bateram no fundo as instâncias que promoviam a interiorização de normas. O sentido do dever e a humanização da vida, já ninguém espera da parte de quem quer que seja comportamentos sérios e honestos. Há que dizê-lo e reconhecer.

Perdeu-se o que constitui o Capital da Vida em Sociedade; a capacidade de fazer cumprir regras, de partilhar valores, hábitos e normas de comportamento, premiar a virtude e castigar o vício. Ficam, então, abertas as portas aos “chicos-espertos”. Proliferam nas repartições públicas, nas escolas e nas empresas, como inúteis mas sempre à espera do melhor “taxo” em vias de concretização.

Mas, onde se sentem melhor, como peixes na água, é, sem dúvida, como profissionais da Política, a todos os níveis, desde simples Militantes a Deputados, deste Vice-Ministros a Ministros ou Directores Provinciais —nem que sejam de “aviário”, isso que importa?! A verdade é que estão sempre onde estão interesses do seu Partido e os interesses do seu Partido estão sempre onde estão os seus próprios interesses.

A FRELIMOe a “sua pandilha” é o exemplo do que afirmamos, sem rodeios e com frontalidade. E a RENAMO não lhe fica atrás, convenhamos…

Os “chicos espertos” existiram sempre e em todo o lado. Mas nunca tomaram conta do nosso Destino como, hoje em dia, acontece. Quem melhor os caracterizou foi, sem dúvida, o Meu Querido e Saudoso Amigo, o  Poeta José Craveirinha, em alguns dos seus poemas de cariz social. Simplesmente deu-lhes “um outro nome”. É inevitável reler “as interlinhas” de alguns desses seus poemas aquando da sua prisão política e injusta, para compreender que, neste ambiente de impunidade, «de uma mão lava a outra», Moçambique se vai tornando num REINO DECHICOS ESPERTOS”. E o pior é que estar contra eles é como andar numa marcha com o passo trocado!…

Algém tem dúvidas?

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