A Pergunta já é Resposta. Quem interroga responde-se. Quem responde também se interroga. A Resposta é também Pergunta. O Homem é um conjunto de respostas. O Homem é um conjunto de perguntas, de interrogações. Tudo é resposta e tudo é pergunta. Pergunta quer dizer desconhecimento? — Não; — quer dizerincerteza, dúvida. Logo, resposta é também incerteza. Mas tudo é “tão certo, tão rigoroso, tão exigente”!… E é. O Ponto determina a Linha, a Linha determina o Plano, o Plano determina o Volume. O Volume é tudo, se não contarmos com o Tempo e com o Desenho que tem de fazer parte da Obra de qualquer pintor de Expressão Figurativa, no caso concreto de Albino Mahumana, o Naturalista “naif” por excelência e de cariz africano.
Por Afonso Almeida Brandão
DESENHO+VOLUME+TEMPO=CRONÓTOPO+FIGURATVO=UNIVERSO. A Pintura começa num Ponto (coordenadas X, Y no Plano do Quadro relativamente ao referencial da Moldura); esse Ponto gera a Linha seguinte e o Desenho propriamente dito, que é apenas Segmento e continuidade do Tema que vai Nascer. Estes elementos simples são já resposta — mas também pergunta. A Cor vem logo a seguir e com ela a Superfície. Sucessivos Segmentos e Planos, Elementos e Criação, Proposta e Tema determinam por pergunta e resposta. O crescimento do Quadro é a coisa mais Bela e mais Rica a que o Pintor pode assistir. Ele esquece-se do Tempo e do Espaço à sua volta.
Com o Esquecimento destes referênciais ele introduz o Tempo Autêntico, contínuo, a fluir… e também o Espaço todo (e depois?) vivido, de muito antes… Do Espaço Presente, e do Momento que passa muito pouco (Ponto Instante?). Tudo decorre de trás como resposta. Mas como resposta também é pergunta, a Pintura fica ali a pôr questões, a interrogar, que é sobretudo responder. «Não seria justo que entre nós e o Mundo Exterior, o Artista (falo do pintor em geral) tenha a pretensão de levantar qualquer cortina. Melhor se diria que ele a prende fortemente em quatro cantos. Assim cessa a flutuação, o campo do olhar tornou-se página, uma Tela ou um Painel delimitado e preciso sobre o qual o Artista projecta essa sua Visão de um conjunto inteligível, uma Composição que busca um Efeito, qualquer coisa que pela relação dos seus diversos elementos constitui um sentido, um espectáculo, «algo que compensa o Tempo gasto a olhá-la» — opinou Paul Claudel, in “L´Oeil Ecoute”.
Resumindo: «Não há nada gratuito. Gratuito só aquilo que não se faz» — como diria o próprio pintor moçambicano Albino Mahumana, que acaba de ser destinguido em Espanha com um importante Prémio, que importa destacar e anotar.
A sua Obra encontra-se representada ainda em inúmeras Colecções Institucionais e Privadas, quer no nosso País, em Portugal, Espanha, África do Sul e em Angola.Publicanos na prersente edição três belíssimos Óleos s/Tela do pintor que elegemos para esta semana, Paralelamente à Pintura, Albino Mahumana é também um conhecido Repórter-Fotográfico da nossa praça, que tem revelado idêntico mérito artístico na área da Fotografia. Na ex-Revista TROPICAL (2008-2010), à qual esteve ligado desde a sua fundação, encontram-se diversos trabalhos seus publicados na rubrica «Objectiva», que apraz recordar.
A Cotação Média das suas Obras oscila entre os USD 200 e os USD 700. Um Artista que importa conhecer melhor e divulgar.
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