Nhangumele: “Ndambi Guebuza queria receber mais porque queria dividir com outros”

DESTAQUE POLÍTICA

Teófilo Nhangumele regressou ao tribunal para dar seguimento ao seu depoimento nesta quinta-feira, 26 de Agosto. Dando continuidade ao rol das revelações, Nhangumele, que fez parte do calote na condição de lobista, declarou que Armando Ndambi Guebuza recebeu a maior fatia dos 50 milhões porque tinha que repartir com os outros envolvidos no processo.

Na audição desta quinta-feira, 26 de Agosto, por sinal o quarto dia do julgamento dia e terceiro das audições dos arguidos, depois de se ter sentado perto de três horas na sua primeira aparição, Nhangumele foi interrogado mais de nove horas.

Ao contrário do seu primeiro dia em que se mostrava descontraído, o lobista dos acordos assinados entre a Prinvest e o Estado moçambicano trouxe um misto de contradições com o que vinha documentado no seu endereço eletrônico.

Ndambi Armando Guebuza esteve sempre activo nas negociações com a Prinvest, contudo não chegou de rubricar nenhum vínculo com aquela empresa. Questionado sobre as razões pelas quais o filho do antigo Chefe do Estado não constar no rol dos contratados, Teófilo Francisco Nhangumele disse que este “estava em conflito de interesses por ser filho do antigo Presidente da República”, enquanto António do Rosário representava interesses do Estado.

Se por um lado, declarou que “sempre que notasse que o processo estava lento e precisava desbloquear algo falava com Armando Nhambi Guebuza”, identificado várias vezes nas correspondências entre Nhangumele e Jean Boustani como Júnior ou Cinderela.

Por outro, explicou do pacote de crédito com aval do Estado para financiar a empresa Proíndicus, 50 milhões de dólares foram para as contas de lobistas. De acordo com o réu, numa primeira fase o valor seria dividido por três, ou seja, 10 milhões para ele, 10 milhões para Bruno Langa e os restantes 30 milhões para o filho do antigo estadista moçambicano.

Entretanto, ainda de acordo com Nhangumele, que jura de pês juntos que participou do esquema na qualidade de consultor, Ndambi Guebuza anuiu querendo a maior fatia do bolo, uma vez que ainda tinha que dividi-lo com Cipriano Mutota e Antônio de Rosário.

Dos 10 milhões que tinha que receber na primeira partilha, Nhangumele confirmou ter recebido oito milhões e meio de dólares. Interrogado pelo juiz o que fez com o dinheiro que recebeu declarou que comprei casas, carros, fez despesas correntes e gastei pouco acima da metade. Posso incluir uma aplicação a prazo que está em Maputo”.

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