Em sede de interrogatório dos advogados de defesa, o réu Teófilo Nhangumele garantiu nunca tido algum encontro com antigo Presidente da República, Armando Emilio Guebuza e nega ter alguma vez recebido alguma ordem directa deste, durante a fase de desenho e concepção do projecto de Sistema Integrado e Monitoria e Protecção (SIMP), no qual confessou ter actuado como agente duplo, uma espécie de facilitador de ambas partes.
Questionado pelo advogado de Ndambi Guebuza, Isálcio Mahanjane, se durante a fase piloto do projecto teve algum encontro com o ex–Chefe de Estado, o réu declarou que “ nunca tive um encontro com o excelentíssimo presidente Armando Emilio Guebuza”.
Insistindo, o referido causídico perguntou se Teófilo Nhangumele teria recebido algum comando dele ou de interposta pessoa para fazer chegar algum recado ou orientação, ao que como resposta o réu disse “não nunca tive nenhum recado ou orientação nesse sentido”.
Igualmente, quando questionado se recebeu alguma credencial para representar o antigo Chefe do Estado ou a Presidência da República, Nhangumele respondeu que nunca teve.
Como é obvio, Mahanjane em defesa de Ndambi Guebuza, filho do antigo chefe do Estado, confrontou Nhangumele a respeito do das suas declarações de ontem quando perante o juiz declarou que sempre que encontrasse alguma situação ligava para “Júnior”, em referência a Ndami Guebuza, também referenciado nos e-mails como Cinderela.
Em resposta, Nhangumele, que desde a primeira hora tem estado a se contradizer e a desmentir suas próprias declarações, disse, desta vez, que “nunca precisamos de Armando (Ndambi Guebuza) para acelerar nenhuma decisão, o que eu disse mantém-se desde que fui ouvido pela PGR, o único motivo que me fez procurar o Bruno (amigo do Ndami e pessoa de contacto) era só para tomar conhecimento se o pai teria tomado conhecimento do projecto de Proteção da Zona Económica Exclusiva”.
Refira-se que, nos primeiros dias de audição, Nhangumele declarou ter participado de uma reunião do Comando Operativo orientada por Filipe Jacinto Nyusi, na qualidade de coordenador do órgão, enquanto ministro da Defesa e Segurança e uma outra só com Nyusi, na qual este o convidou formalmente a abandonar o projecto por si criado porque não era quadro das Forças de Defesa e Segurança.
No entanto, como ficou demostrado em tribunal, apesar dessa ordem expressa Nhangumele, não acatou as ordens de Nyusi, tendo continuado a fazer lobbys para a efectivação do projecto, tendo nesse período participado em quatro reuniões com quadros do Credit Suisse no ministério das Finanças, com quadros seniores daquele pelouro, incluindo o ex-ministro Manuel Chang. A essa altura já estava a serviço do Credit Suisse.
“Depois de ter sido afastado do projecto continuei a minha relação com Jean Boustani, continuei viajando para Proindicus e não estou a ver o problema. Não desobedeci a ninguém”, declarou.
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