Supostos nativos continuam a desafiar autoridades e a criar desordem no espaço da Mulhulamete

DESTAQUE POLÍTICA

O bairro Agostinho Neto, no distrito de Marracuene continua a viver um cenário que parece ter tirado de um filme do Velho Faroeste, norte-americano. Tudo porque um grupo de supostos nativos de Marracuene, voltou, na passada terça-feira, a parcelar terras para vender e erguer casas dentro do espaço de 767.5 hectares pertencente à empresa Milhulamete, Lda, há mais de 40 anos. O mais recente episódio de uma contenda que se arrasta há muitos anos sob olhar impávido das autoridades, originou tumultos e desacatos que culminaram com ferimentos e detenções.

O caso remota desde 2016, quando um grupo de supostos nativos invadiu ilegalmente e parcelou à luz do dia, movimentando, inclusive grandes bulldozers, niveladoras e pás escavadoras, um espaço de 200 hectares pertencentes à Mihlulamete, Lda, dando lugar a construção de casas de construção convencional sem que o Estado interviesse de forma vigorosa. Aliás, mesmo tratando-se de uma ocupação ilegal, instituições como a Electricidade de Moçambique (EDM) mobilizaram-se para colocar serviços sociais, incluindo energia eléctrica.

O caso chegou no mesmo ano à justiça, estando neste momento em recurso. Contudo, semana passada, o mesmo grupo voltou a invadir uma nova área da empresa Milhulamete, Lda, para novos parcelamentos e, tal como nas primeiras ocupações os invasores começaram a cortar arvores e construir algumas cabanas para segurarem a terra.

Diante da situação, a empresa Milhulamete, Lda participou o caso às autoridades locais, e, desta vez, de forma flexível a administração de Marracuene, que tem estado a impor uma nova forma de estar naquele ponto do país, mobilizou-se para demolir as construções ilegais, tendo em conta que a terra é do Estado e a sua ocupação é regulada por este.

A situação, gerou alguma agitação e o grupo de invasores empunhados de armas brancas agrediu e feriu 11 seguranças da empresa Milhulamete, enquanto agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) no local assistiam. Só depois da situação, nalgum momento sair do controlo, é que a polícia teve de usar a força e deteve alguns dos cabecilhas do grupo.

Uma fonte da Milhulamete, Lda disse ao Evidências estranhar a falta de protecção das autoridades à empresa, que herdou do Estado a terra e activos de um projecto de reflorestamento usando espécies florestais de crescimento precoce para o abastecimento em combustível lenho (lenha e carvão) e materiais de construção para as cidades de Maputo, Beira e Nampula foi concebido pelo governo de Moçambique com fundos da FAO.

A empresa lembra, baseado em documentos, que antes da implantação efectiva do projecto foi feito um levantamento com pormenor de todas as famílias que iam ser afectadas pelas plantações do eucaliptos e foram estabelecidos novos bairros de reassentamento, a título de exemplo, a Aldeia Comunal Agostinho Neto (Pimbine) e muitas outras aldeias concebidas no âmbito do projecto.

“Todas as famílias nativas foram realocadas para estas aldeias com condições invejáveis na altura: terrenos bem parcelados, com escolas, centros de saúde, água canalizada, casas de madeira e cinco, entre outras condições atractivas nessa altura”, garante a empresa, questionando, agora, donde é vem os supostos nativos?

“Não há nativo nenhum, existe sim um grupo de invasores que se tornou poderoso, com capacidade de manipular as comunidades, a sociedade civil, órgãos do Partido Frelimo e alguns sectores do governo, extorquindo pessoas, acumulando riqueza a custa de um bem alheio”, disse uma fonte da empresa ao Jornal Evidências.

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