Retomou esta manhã a audição de Armando Ndambi Guebuza, filho do antigo Chefe do Estado moçambicano, Armando Emílio Guebuza, que tal como ontem continua a usar a mesma estratégia de negar tudo e alegar lapsos de memória para não responder uma e outra questão. Entretanto, mais uma vez voltou a evocar perseguição política e, desta vez, de forma directa, acusou o actual Presidente da República, Filipe Nyusi, de estar a usar o sistema de justiça para prejudicar a sua família e aos antigos combatentes da Luta de Libertação. Nas entrelinhas, disse que algumas questões deviam fazer ao antigo ministro da Defesa.
A parte da manhã estava reservada à sessão de interrogatório do réu por parte do assistente do processo, e, como tal, dentre várias questões, a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) procurou saber da coincidência do facto dos objectivos da visita a Kiel (nos estaleiros da Privinvest, na Alemanhã), enviados por Jean Boustani a Teófilo Nhangumele a 11 de Dezembro de 2011, terem sido encaminhadas para Bruno Langa e esste por sua vez para Ndambi Guebuza.
O réu disse que já havia respondido que não leu o email e perante a insistência da OAM, Ndambi partiu para o ataque, dizendo que “quem fazia parte do Comando Operativo era o ministro da Defesa. Era um comando formado por instituições públicas. Acredito que o ilustre advogado, querendo fazer essa questão devia fazer ao antigo ministro da Defesa [Filipe Nyusi]”.
Por algum momento os ânimos se exaltaram entre o assistente e o réu e o juiz teve de intervir. Em defesa da sua honra a OAM declarou que “as pessoas que faziam parte do Comando Operativo [dirigido por Filipe Nyusi] nessa altura serão chamadas para aqui como declarantes e serão colocadas essas questões e poderão responder. As outras pessoas, a banda de advogados de defesa poderá requerer para que sejam aqui ouvidos”.
Entretanto, no seguimento da sessão, a Ordem dos Advogados, que já havia requerido Manuel Chang como declarante, depois de ter sido várias vezes citado em tribunal, voltou a fazer ouvidos moucos em relação ao nome de Filipe Nyusi, apesar de ter num primeiro momento garantido que “as pessoas que faziam parte do comando operativo … serão chamadas”.
Na sessão de hoje, o assistente do processo requereu o Instituto de Aviação Civil de Moçambique, a Autoridade Tributária, a Empresa Aeroportos de Moçambique como declarantes para esclarecer alguns detalhes sobre o famoso voo das quase oito mil garrafas de vinho. Requereu também que se oficie alguns hotéis da capital do país para fornecerem detalhes sobre a hospedagem de Jean Boustani. No entanto, não constituiu Filipe Nyusi e Jean Boustani, citados pelo réu e a quem este remeteu respostas de algumas questões.
Há um chefe mencionado no e-mail
Há também uma outra pergunta que embaraçou o réu. Questionado quem era o “chefe” mencionado num email remetido por Teófilo Nhangumele para ele no dia 16 de Fevereiro de 2012, Ndambi disse que não viu o email, aproveitando uma fragilidade da perícia da PGR.
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