AS MENTIRAS DO CHEFE (Ou Talvez Não…)

OPINIÃO

Afonso Almeida Brandão

Aqui o vosso amigo acaba de descobrir um livro que vai revolucionar a vida da malta toda. Desde que o comprei, não o tirei da mesinha de cabeceira, que a Biblía já deu o que tinha a dar (desculpar-me-ão os católicos pelo desabafo!). Trouxeram-mo das Américas, que por lá os gajos têm menos medo de dizer o que pensam do que neste “cantinho à Beira Índico Plantado” que é Moçambique, onde volta-não-volta surgem os “queixosos” a EXIGIR o “maldito” pedido de Resposta ao Abrigo do Artigo Nº 33 da Lei de Imprensa, em vigor no nosso País — ou a devida Nota no Livro de Reclamações — a solicitar a respectiva correcção do (dito!) Direito de Resposta que assiste ao ofendido, ora atingido…

Mas, adiante!

Chama-se The Little Book of Corporate Lies, que assim traduzido por um tipo que “arranha mal” a língua “dos bifes”, quer dizer qualquer coisa como As Mentiras Que Os Seus Chefes Lhe Pregam Todos Os Dias. Mas o mais importante deste extraordinário livro são os temas abordados pelo Autor.

E a partir daqui posso citar. É provável que fique a perceber que aqueles votos de Boas Férias tão calorosas que o patrão lhe deu, não são mais do que um pré-aviso de despedimento, mas quem avisa amigo é, e sempre tem estes dias para pensar no que vai fazer à vida.

Quando dizem: “Vamos organizar a empresa, de forma a conseguir aumentar a sua eficácia” querem dizer “Arrumem as botas que vão ser corridos a pontapé”. Quando dizem: “Vamos iniciar um “downsizing” estratégico quer dizer “Os poucos que restavam vão ficar sem emprego”.

Quando dizem: “Sinto que não fazes parte da equipa” querem dizer “Se não assumes a responsabilidade pelo MEU erro, estás despedido”. Quando dizem: “Queremos que vista a camisola” querem dizer “Quero que me lambas as botas”. Quando dizem: “Vamos maximizar o espaço do nosso escritório” querem dizer “Vais ter que dividir esse mísero cubículo com a velha carunchosa do fundo do corredor”.

Quando dizem: “Sabe funcionar com computadores” querem dizer “Não temos massa para secretárias, ouviste? Quando dizem: “Damos por terminada a operação de “downsizinge entramos agora num período de crescimento controlado” querem dizer “já tens sorte de ter emprego, agora livra-te de pedir aumento”.

Quando dizem: “Quando quiser deixe-me mensagem no telemóvel” querem dizer “é que assim posso apagá-la sem ter que ouvir o que me quer dizer”. Quando dizem: “Descanse, contratamos a melhor advogada deste país para resolver o seu problema” querem dizer “Ela é minha cunhada”. Quando dizem: “Os projectos que me apresentou parecem-me cheios de criatividade e audácia” querem dizer “Vou apresentá-los agora mesmo ao chefe como sendo MEUS”. Quando dizem: “Tens realmente muita vivacidade a expor as tuas ideias” querem dizer “Arma-te mais uma vez de convencido ou em parvo em frente do chefe e vais ver o que te acontece!”

Quando dizem: “Maria, estou seriamente empenhado em conseguir que as mulheres sejam tratadas de forma igualitária neste local de trabalho”, querem dizer “O.K.! Escolhe tu o Motel. Quando dizem: “Vamos implementar um estudo destinado a avaliar o uso do tempo neste escritório” (ou neste Ministério ou nesta ou naquela Direcção Distrital), querem dizer “Até na casa de banho vão haver câmaras de vídeo”. Quando dizem: “A vossa administração compreende perfeitamente a angústia que provocou nos trabalhadores com os últimos despedimentos” querem dizer “A administração desta casa vai passar férias à Ponta do Ouro até que esta história arrefeça”.

Quando dizem: “Esta empresa é uma amiga da Família” querem dizer “Se engravidares, não te preocupes. Depois do despedimento vais ter imenso tempo para mudar as fraldas das crianças. Quando dizem: “Durante esta fase crítica de reengenharia financeira, é possível que tenha que assumir novas ou diferentes responsabilidades ou mesmo aprender um novo ofício”, querem dizer “Levar os tacos de golfe do Chefe ou do Ministro A ou B até é divertido”…

Quando dizem: “A empresa incentiva todos os empregados a apresentarem as queixas que entendam necessárias aos responsáveis pelo seu departamento, sem medo de represálias” querem dizer “Desde que a queixa não seja sobre nenhum Chefe ou sobre algum Primeiro-Ministro, Ministro, Vice-Ministro ou Membro do Governo de “segunda fila”, Director-Geral Provincial, ou do Partido Político A ou B, não ponha em causa a forma de fundamento da empresa (ou do Ministério seja ele qual for!) e que basicamente não sirva rigorosamente para coisa nenhuma”. Quando dizem: em trabalho, “os nossos funcionários, independemente do sector aos quais estejam ligados, devem ter consciência de que a sua conduta privada se reflecte directamente na imagem da empresa — ou do Ministério ou mesmo do Partido Político A ou B que representam”.

Fnalmente: “Antes de voltarem de uma viagem de trabalho, ou do café onde estiveram em amena cavaqueira, os empregados devem tirar os “soutiens” que tenham ficado nas suas pastas… ou quaisquer eventuais “revelações” que possam ter escrito para denunciar “quem está acima de si”, para evitar ter que «dar o dito pelo não dito» e vir a sofrer as consequências de uma inevitável (ou possível!) indeminazação. É que o Seguro — segundo dizem os entendidos — Morreu de Velho.

Amén!

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