Numa gravação de áudio de uma conversa telefónica gravada e posta a circular por pessoas desconhecidas, que supostamente a obtiveram de forma clandestina e sem o consentimento dos interlocutores, antiga governante e embaixadora, Maria Helena Taipo destapa, mais uma vez, o véu sobre os contornos da sua detenção e aponta as baterias para o Presidente da República, Filipe Nyusi a quem acusa de perseguição e de estar a destruir o país. Volta a frisar que o dinheiro que recebeu na sua conta era para a campanha a favor do partido Frelimo e Filipe Nyusi em 2014.
Já há alguns anos, que Helena Taipo, em liberdade condicional depois de mais de um ano detida acusada de envolvimento num esquema de corrupção relacionado a um suposto desvio de 100 milhões de meticais do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), vem se queixando de estar a ser vítima de perseguição política e ter usado o dinheiro depositado por empresários na sua conta para a campanha do partido Frelimo em 2014, ano em que Filipe Nyusi foi eleito.
“Os meus advogados informaram que o meu processo está cheio de papéis, mas não tem nada…. Ele (Nyusi) escolhe sempre os próprios alvos que vão cruzando o seu caminho e neutraliza-os”, refere-se a dado momento.
Na referida conversa, supostamente grampeada de forma clandestina por desconhecidos, Taipo voltou a reafirmar que o dinheiro foi usado para campanha e “compra de consciências” em Nampula onde à altura dos factos desempenhava a função de chefe da Brigada Central de assistência a aquela província.
“Dirigi o valor que eu recebi à campanha, por isso não foi encontrado nenhum valor na minha conta. Tinha um objectivo com o dinheiro que me foi entregue, tal como ele (Nyusi) recebeu dinheiro da Privinvest para fazer campanha. Ele está a usar jornalistas para destruir o país”, sentenciouTaipo, bastante revoltada.
Conhecida como dama de ferro pela sua verticalidade, Taipo não tem dúvida que a liderança de Filipe Nyusi está a destruir o país e considera isso uma traição ao povo do Norte do país, região que experimentou o poder pela primeira vez.
“Pela primeira vez que o poder está no norte, mas ele traiu-nos. Não era isto que nós esperávamos. Nós esperávamos continuidade da luta pela independência deste país. Ele é o remoinho e carregou todo o lixo ao redor dele e está a trair toda a negatividade a volta dele”, disse Taipo.
“Não estou a gostar do cenário de onde vamos. Estamos a nos deixar levar porque ele quer assim. Este senhor ninguém lhe queria aqui. O próprio partido estava dividido. Não queriam a ele, a própria Talapa não queria a ele, queria Vaquina. Nyusi não é querido nesta província e os jornais aparecem sempre a suavizar. Nyusi é um … não sei”, desabafou Taipo, queixando-se a dado momento de ter sido vítima de algum assédio sexual a que chamou de “putanhice dele”.
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