Jean Boustani dispensa burocracia e diz que está pronto para ser ouvido pelo juiz Efigénio Baptista

DESTAQUE POLÍTICA

Uma semana depois do juiz Efigénio Baptista ter deferido um pedido da defesa para que possa ser constituído declarante, em comunicado de imprensa, partilhado pelo escritório de advogados da firma Zoury & Associates Law Firm, o franco libanês Jean Boustani, executivo da Privinvest, manifesta sua disposição para ser ouvido em sede do julgamento das dívidas ocultas que decorre na B.O e acrescenta que o testemunho do actual Presidente da República, Filipe Nyusi é igualmente determinante para o esclarecimento da verdade sobre o maior escândalo financeiro do país. 

Jean Boustani diz que à sua semelhança o testemunho de Filipe Nyusi é indispensável para “uma justiça transparente e justa” e confirma que está disponível e pronto a colaborar com a justiça moçambicana dispensando toda e qualquer burocracia, ou seja, sem que necessariamente a Procuradoria Geral da República precise enviar cartas rogatórias às autoridades libanesas, um processo que leva algum tempo.

“Eu estou disposto e pronto para comparecer à frente de Vossa Excelência Juiz Efigénio Baptista assim que possível por videoconferência, eis que qualquer processo burocrático proposto pela PGR pode consumir muito tempo e procedimentos e eu acredito que o meu testemunho (e de Vossa Excelência Presidente Filipe Nyusi) é crucial aos interesses de uma justiça transparente e justa”, escreve Jean Boustani, representado pelos seus advogados.

Boustani começa por confirmar com ar optimista o fato do Juiz Efigénio José Baptista ter o permitido testemunhar no julgamento em curso na cadeia de Máxima Segurança, vulgo B.O, um volte-face depois de com seu próprio punho ter assinado o despacho de 17 de Agosto de 2021, que negava um pedido para que o franco-libanês prestasse declarações no julgamento do processo 18/2019-C relativos às dividas oculta.

Adiante, acusa a Procuradoria Geral da República (PGR) de falta de credibilidade e de conduzir este processo com motivações políticas. “As autoridades libanesas me informaram que as autoridades moçambicanas (através da PGR) alegaram acusações contra mim após a minha absolvição unânime na Corte Federal dos Estados Unidos em Nova York de todas as acusações contra mim (incluindo alegadas violações de leis moçambicanas)”, narra.

Numa outra abordagem, corrige informações sobre sua nacionalidade e esclarece também que em nenhum momento, durante o julgamento nos Estados Unidos da América, afirmou que corrompeu os moçambicanos ou autoridades moçambicanas, como tinha dito o Juiz Efigénio José Baptista, numa das sessões do julgamento que decorrem na B.O.

“Terei todo o gosto em fornecer ao Senhor Juiz todas as transcrições do meu julgamento nos Estados Unidos da América, caso tenha sido induzido em erro por terceiros, para que possa assumir a sua posição supostamente imparcial e independente ao longo do julgamento em Moçambique”, sugere.

No mesmo documento, esclarece sobre a sua nacionalidade, afirmando que é um cidadão libanês e que não possui nacionalidade francesa, corrigindo deste modo um lapso da PGR.

Jean Boustani era negociador da Privinvest na altura da contratação das dívidas ocultas e foi inocentado em 2019 pela justiça americana depois de 11 meses atrás das grades, por acusação de montar o escândalo das dívidas ocultas.

Em Janeiro passado, escreveu uma Carta ao Presidente da República, Filipe Nyuis, a lembrar o equipamento fornecido e a convidar este para deixar de lado as motivações políticas durante a gestão desse complexo processo.

“Exorto vossa excelência a deixar de lado as razões políticas que levaram à negação da existência da Prolndicus, a fim de reverter o substancial dano à reputação de Moçambique e às enormes perdas económicas e atrasos no lançamento do seu programa de produção de gás”, escreve Jean Boustani, na carta com timbre da Privinvest, empresa que em documentos apresentados à justiça britânica este ano colocou Nyusi como um dos beneficiários das dívidas ocultas.

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