Por: Afonso Almeida Brandão
Um processo que seja aberto e acabe sem acusação prova que a Justiça em Moçambique não funciona; uma acusação que acaba em absolvição mostra que as garantias processuais só servem para defender os ricos e os poderosos; uma calúnia ou uma vaga suspeita num tablóide é suficiente para se mostrar que há ali “marosca da grossa” e que mais uma vez «um malandro» sairá impune.
Estas considerações — e constatações frequentes — revelam bem, afinal, o que está a acontecer (e que acontece!) com a corrupção e a agressividade gratuíta que envolve grandes “figurões” da nossa Governação e da nossa Política (de “Aviário”), de forma escandalosa, vergonhosa e impune na maioria dos casos… de que o ex-Ministro das Finanças, Manuel Chang é exemplo vergonhoso para o nosso País (dito!) Democrático e Livre.
Paralelamente, há, depois, questões menos faladas ou, pelo menos, menos evidentes (desculpar-me-ão o pleonasmo) que se enquadram num problema mais vasto. A corrupção das “cunhas”, dos processos administrativos que passam para o topo da pilha, dos favores, dos colegas e familiares de Partido que são escolhidos para fornecedores de “serviços variados” (de jurídicos e de jardinagem, passando pelo muito conhecido serviços de comunicação e imagem) nas Câmaras Municipais que o Partido Frelimo gere sem outro critério que não seja o da troca de favores e algumas benesses feitas “por debaixo da mesa”, há que reconhecê-lo — há que sermos honestos e objectivos. E, naturalmente, também das agressões cobardes feitas por alguns desses senhores (?) ditos importantes, que julgam ser Ministros Eternos mas esquecendo «que estão Ministros de passagem», até serem substituídos pela “figura” que se segue…
Estou convicto de que muito do tráfico de influências, corrupção e agressividade a terceiros, sejam eles familiares ou amigos, em Moçambique passa por essas aparentemente pequenas e grandes, digamos, irregularidades.
Assim, entendemos que a luta contra estes fenómenos tem, claro está, de ser sem tréguas, sem apelo nem agravo, doa a quem doer. Estabeleceu-se, contudo, a percepção, arrisco dizer, a convicção generalizada de que vivemos num País “minado pela corrupção e agressividade gratuíta” e que, senão todos, a maioria dos nossos problemas como Comunidade advém dela. Quem tem duvidas?
Mas basta de acordes preliminares. Desta vez as figuras envolvidas em corrupção são, nem mais, nem menos, o ex-Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza e o actual Filipe Nyusi; este envolvimento das duas principais figuras do nosso País deixa-nos envergonhados, indignados e revoltados perante uma imagem exterior muito negativa. Há que apurar a Verdade dos factos, doa a quem doer (repetimos), envolva quem envolver. Casos destes NÃO PODEM CAIR NO ESQUECIMENTO E A CULPA MORRER SOLTEIRA…
Não basta à Frelimo refutar, enérgica e categoricamente, desacreditar as acusações graves de que vem sendo alvo o senhor Filipe Nyusi, pelos Partidos Políticos da Oposição e de algumas destacadas individualidades dos mais diversos sectores da Sociedade Moçambicana, incluíndo a generalidade dos Órgãos de Comunicação —, de que o Jornal EVIDÊNCIAS muito se orgulha de pertencer — e também da Imprensa estrangeira.
Há que provar esta VERGONHA e desmascarar os verdadeiros implicados (e “comparsas”) dos milhões recebidos «por debaixo da mesa». E falar, de novo, do ex-Ministro Manuel Chang — que mais uma vez viu adiada, pela segunda vez, a sua extradição à última hora, para Maputo — continuando preso na África do Sul, a pedido das Autoridades dos EUA, enquanto o Povo continua a viver na Miséria e Ignorado por todos e por tudo. Enquanto isso, o julgamento do Século continua a dar que falar…
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