Nesta quinta-feira, 09 de Setembro, durante o interrogatório da bancada de advogados, a defesa de Maria Inês Moiane, requereu que Celso Correia, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, fosse ouvido em tribunal, no processo18/2019-C relativos às dividas oculta.
É que respondendo as questões colocadas pelos advogados de defesa, Maria Inês Moiane voltou a mencionar um nome ligado ao partido Frelimo, ao declarar que soube da instrução do caso através de Celso Correia.
Lembre-se que numa gravação clandestina posta a circular em 2018, Celso Correia terá afirmado ter controlo total do partido Frelimo, do Presidente da República e do processo. No referido áudio Celso Correia chega a dizer que se a agora arguida conseguisse um encontro entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o antigo estadista, Armando Guebuza, tudo ficaria esclarecido.
Por não ter dado seguimento ao referido comando de Celso Correia, a arguida suspeita que esse seja o mote da sua detenção.
É a segunda vez que o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural é requerido para prestar declarações ao Tribunal. Algumas correntes suspeitam que este processo, instruído a medida de Nyusi, tenha a mão mágica de Celso Correia.
No entanto, o Juiz indeferiu o requerimento da defesa sobe pretexto de que o tribunal não trata de questões políticas.
“Eu não fui subornada”, nega Inês Moiane
Em resposta ao juiz Efigénio Baptista, sobre a acusação de corrupção passiva que lhe é imputada no processo sobre as dívidas ocultas, Inês Moiane afirmou que não foi subornada, confirmando, no entanto, que recebeu de Jean Boustani perto de um milhão de dólares referentes a venda do terreno.
“Como eu não tinha capacidade para investimento [no terreno], disse a Boustani que tinha um espaço concebido para apartamentos e ele disse: ´Nós queremos fazer hotéis em Moçambique`”, declarou a antiga secretária particular e hoje atual assessora de Armando Guebuza.
Inês Moiane disse que se encontrou “umas cinco ou seis vezes” com Jean Boustani, dentro e fora do país, no âmbito da preparação de encontros entre o negociador da Privinvest e Armando Guebuza sobre o projeto de proteção da Zona Económica Exclusiva de Moçambique.
Confrontada pelo juiz da causa sobre o facto de o pagamento a si feito ter sido através de uma empresa do setor imobiliário, pertencente a Sérgio Namburrete, também arguido no caso, Inês Moiane afirmou que tal facto se deve a uma exigência de Jean Boustani de que o desembolso tinha que ser feito através de uma firma.
Moiane disse que optou pela empresa de Namburrete para o depósito do dinheiro da venda do terreno, porque a firma reunia as condições impostas por Boustani.
O negociador da Privinvest queria uma empresa que actua no setor imobiliário, tendo em conta a utilidade que se pretendia dar ao terreno.
Dos 850 mil euros que recebeu, Inês Moiane deu 127 mil euros a Sérgio Namburete, confirmou a ex-secretária particular de Armando Guebuza, corroborando a acusação do Ministério Público.
Na acusação, o Ministério Público diz que a empresa de Sérgio Namburete não executou nenhum trabalho a favor da Privinvest, nem assinou contrato com esta entidade.
Inês Moiante disse ao tribunal que passou uma procuração a Jean Boustani para exercer poderes sobre o referido terreno. E com o dinheiro que recebeu de Boustani, Inês Moiane disse ter comprado dois imóveis.
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