ADIN precisa de 3.7 mil milhões de meticais para o plano de acção do próximo ano

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Os ataques terroristas provocaram uma crise sem precedentes na província de Cabo Delgado. Com intuito de recuperar da crise provocada pela situação de emergência naquele ponto do país e assegurar a implementação de projectos de desenvolvimento, o Banco Mundial desembolsou, em Maio último, cerca de USD 700 milhões. Recentemente, fazendo balanço, a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), anunciou que já construiu 800 casas para os deslocados, abriu algumas vias de acesso, assistiu as vítimas e que, para o plano de acção do próximo ano, necessita de pouco mais de 3.7 mil milhões de meticais, dos quais 12% serão do orçamento do Estado e para completar o restante já está de mãos estendidas aos parceiros.

O índice multidimensional de pobreza, segundo dados de 2015, é de 65% em Nampula, 67% em Niassa e 53 % em Cabo Delgado comparado com a média nacional que era de 43%.

Os efeitos do ciclone Kenneth em 2019 foram devastadores no Norte, com enfoque nos sectores agrícola, pesqueiro e turístico, um cenário agravado pelo terrorismo que desde 2017 tem estado a afectar alguns distritos da província de Cabo Delgado.

Os USD 700 milhões doados pelo Banco Mundial estão a ser geridos pela ADIN e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável, ambos tutelados pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural.

Naquela que foi a sua primeira reunião desde que foi criado em Março de 2020, o Comité de Supervisão da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) falou das dificuldades que enfrentou no início das suas actividades.

No evento que teve lugar numa das estâncias turísticas da capital moçambicana, Armindo Ngunga, que substituiu Armando Panguene na presidência da ADIN, declarou que desde a sua criação, a organização direccionou os seus esforços na procura de soluções para a situação humanitária vivida em Cabo Delgado.

“A agência vem trabalhando na questão dos deslocados, tendo conseguido ajudar na construção de casas para deslocados, cerca de 800, na aldeia em Ancuabe, também na abertura de vias de acesso que foram bloqueadas pelos terroristas, na reconstrução de infra-estruturas em Macomia, e neste momento temos trabalhado bastante na recepção dos regressados, pois com a recuperação de algumas zonas, já há populares a voltarem às suas origens”, disse Ngunga.

Apesar dos feitos já conseguidos, o antigo secretário do Estado na província de Cabo Delgado reconhece que há necessidade de fazer mais, tendo adiantado que já há plano de intervenção para o próximo ano.

“Prevemos um investimento na ordem de 3.7 mil milhões de meticais, dos quais 12% serão do orçamento do Estado e os restante serão feitas negociações para encontrarmos parceiros que possam apoiar”, disse Ngunga, sem no entanto revelar quanto restou dos USD 700 milhões.

Apesar de ter sido criada pelo governo, para o seu funcionamento, a ADIN depende sobremaneira da ajuda dos parceiros de cooperação do Estado moçambicano. Ngunga adianta que as parceiras firmadas já começaram a surtir efeitos positivos.

“Para Macomia e Quissanga temos estado a trabalhar com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que mantém a promessa de recolocação da ponte sobre o rio Montepuez, na ligação entre Metuge e Quissanga”, assegurou.

Ainda no âmbito do processo de reconstrução da zona norte do país, em particular na província de Cabo Delgado, segundo Armindo Ngunga, nos próximos dias o Executivo vai assinar um memorando de entendimento com o Banco Mundial com o objectivo de reconstruir algumas escolas e vias de acesso que não escaparam da brutalidade dos insurgentes que desde Outubro de 2017 semeiam luto e terror na província de Cabo Delgado.

Por outro lado, serão levadas iniciativas para a recuperação de bilhetes de identificação e outros documentos pessoais. “Continuaremos a trabalhar na mobilização de recursos para apoios, sejam alimentícios, vestuário, habitação, entre outros”.

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