Por uma sucessão menos violenta

EDITORIAL

É tarde para se discutir a qualidade dos sucessores de Daviz Simango, mas ainda há tempo para os mesmos se habilitarem e estarem à altura dos desafios do MDM e da democracia em Moçambique. Desde que iniciou a corrida para o congresso, onde será eleito o novo Presidente do Galo, foi notória o recurso à violência para subjugar os apoiantes de outros candidatos, marginalizando os grupos com menos meios a disposição, a moda Frelimo, em períodos eleitorais.

Alguns episódios ocorreram em pequena escala, mas refletiam a dimensão dos meios que esses grupos têm. Houve casos em que o grupo que tem chaves dos escritórios da sede não partilhava com os outros que quisessem se reunir em virtude de apoiarem o outro candidato.

É um indicador de que os partidos, quase todos os que se dizem da oposição, sofrem da mesma doença que a Frelimo, a exposição da força física no lugar de vender ideias, programas e iniciativas que trazem soluções aos nossos problemas, seja dentro ou fora do partido.

O recurso à força é mais para impedir de ser tirado algo e não serve para conquistar, então há grupos de apoiantes em espaço privilegiado que recorrem a este recurso por medo de perder algo. Um indicador interessante, é que todos que estão em cargos de relevo, com excepção de um e outro, apoiam Lutero, enquanto que aqueles que não conseguiram entrar no parlamento, na sua maioria, apoiam Domingos, pode ser coincidência, mas também pode estar a relacionar a suposta exclusão com a máxima de que o MDM é um regulado.

Mas são os que defendem o regulado que recorrem à violência. É o caso, por exemplo, do grupo de apoiantes de Lutero Simango, que agrediram membros que apoiam candidatura de Manuel Domingos, um acto que destituiu o presidente da liga juvenil do MDM, Muchica Madeira Dos Santos, e para o seu lugar foi indicado Albino Mussende. Nesta sequência, um membro de nome António Musindo foi também agredido fisicamente em plena reunião do partido, por ter mostrado resistência em entregar as chaves da motorizada em apoio ao Dos Santos, destituído durante a violência. Foi um episódio que teve o reparo da Comissão Nacional de Jurisdição do partido, na semana passada, este decidiu reconduzir Dos Santos ao cargo do presidente da liga juvenil do MDM ao nível da cidade da Beira, em deliberação com número nº03/ MDM /CNJ/2021. O facto de o reparo ter levado três meses não deixa de soar estranho.

Mas todos os candidatos não convencem ser capazes de dar resposta à altura aos desafios do MDM. Lutero e Domingos já mostraram essa incapacidade, enquanto que Ronguane não se mostra capaz de convencer mais da metade dos 600 delegados a depositarem voto nele. Com excepção deste último, os outros já tiveram a oportunidade de mostrar que são maus gestores, mas são os candidatos mais avantajados, destacando-se o Lutero, com o perfil político extenso, rico em quantidade, porém pobre em êxitos durante nesse seu percurso político.

Já com Domingos, o MDM teve os piores resultados eleitorais de sempre. Enfim, são esses improdutivos que mostraram ousadia para substituir Daviz Simango. O bom do tempo ou da vida é que ainda existe espaço para renovarem as forças e surpreender a nós, os cépticos. Que seja honrado o legado de Daviz Simango, e essa honra está na materialização de um Moçambique para todos.

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