Mais de um milhão de pessoas continuam em situação de insegurança alimentar aguda em Moçambique

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Num ano em que houve relatos de moçambicanos a comerem capim na província de Nampula e outros a passarem fome em vários distritos da província de Cabo Delgado, o Governo, através do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), criou uma equipa multissectorial para avaliar o ponto de situação da segurança alimentar e nutricional aguda nos agregados familiares das áreas urbanas e rurais do país no período pós colheita do corrente ano. Apesar de evidenciar alguns avanços, a avaliação constatou que mais de um milhão de moçambicanos continuam na situação de insegurança alimentar aguda.

Para fazerem avaliações sobre a situação da insegurança alimentar no país, os técnicos do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) escalaram 64 distritos, dos quais 10 cidades capitais, sendo que 13 são da província de Cabo Delgado.

Segundo o Estudo, cerca de 1.856.642 pessoas ainda se encontram em situação de insegurança alimentar aguda em Moçambique. Ainda de acordo com o estudo, a província de Cabo Delgado, que desde 2017 debate-se com a situação do terrorismo, lidera a lista de províncias com pessoas em insegurança alimentar aguda em Setembro do corrente ano com mais de 930 mil pessoas. Inhambane, com 28.392, é a província com menor número de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda.

Em comparação com o ano passado, segundo a avaliação da SETSAN, o país registou grandes avanços, uma vez que no presente ano são 1.856.642 contra 2.678.083 registados no ano passado.

Projectando dados sobre o número de pessoas que estarão em situação de insegurança alimentar aguda entre Abril e Setembro de 2022, o Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional observa que a província de Cabo Delgado vai continuar a liderar as estatísticas, com cerca de 55% nas zonas rurais e 45% nas zonas urbanas.

Entre Setembro e Outubro do corrente ano, segundo Celmira Silva, secretária executiva do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, olhando para os gráficos de agregados que familiares das cidades que sofreram choques nos últimos 12 meses, “a Cidade de Maputo apresentou a maior percentagem de agregados familiares que sofreram algum choque natural, social ou económico, seguido das cidades de Chimoio e Beira, enquanto as cidades de Lichinga e Tete foram as que apresentaram menor percentagem de agregados familiares que sofreu choques”.

O ministro da Agricultura e Desenvolvimento, Celso Correia, conhecido pela sua proficiência com os números, era um homem visivelmente feliz com os resultados da avaliação da SETSAN, tendo destacado que a redução resulta de esforços do governo, parceiros e sociedade em geral.

“A redução de mais de um milhão de pessoas que estão em situação de insegurança alimentar em um ano demonstra que há um esforço muito grande dos parceiros e sociedade para atingir esse objectivo, num contexto em que estamos em transição de um período de grandes choques que afectaram a zona Centro”, destacou.

Correia destacou ainda o facto de Moçambique não constar da lista de países que poderão enfrentar uma crise alimentar para o próximo ano.

“Não é a situação que queremos estar, queremos estar numa situação de segurança alimentar autossustentável, ou seja, a assistência humanitária não pode virar negócio nem pode se instalar permanentemente na nossa forma de estar. Há vários níveis de insegurança alimentar. Os níveis que hoje foram apresentados têm a ver com a insegurança alimentar aguda. Naturalmente que o desafio de segurança alimentar em Moçambique é de outra dimensão”, disse Correia.

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