Apóstolo (adúltero) Matlombe tenta investir na perseguição e ameaça para continuar no poder

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  • Indignação e repulsa tomam conta dos crentes, havendo grupos que prometem recorrer a vias de facto para impedi-lo de aceder às capelas 

Repulsa e indignação é o sentimento que tomou conta da larga e esmagadora maioria dos crentes da Igreja Velha Apostólica em Moçambique, depois que foi despoletado o assunto da prática de adultério por parte do dirigente máximo da congregação, o apóstolo Jaime Matlombe. Maior zanga e total contestação dos crentes viu-se e continua a ver-se quando se soube que, afinal, a relação amorosa adúltera estava a ser mantida com uma irmã da igreja, esposa do subordinado de Jaime Matlombe, do ponto de vista de hierarquia e cargos de dirigismo espiritual na igreja.

Para os crentes, já isso era um “crime” máximo para, de livre e espontânea vontade, Jaime Matlombe colocar o cargo à disposição e crucificar-se pedindo perdão à igreja. Era o mínimo que quase toda a congregação esperava.

“Ele tem de saber que existe um bem maior por preservar. A igreja. Mesmo que se coloque a hipótese de as denúncias não serem verdadeiras, apesar de sabermos que é tudo verdade, ele devia voluntariamente deixar o cargo para preservar o nome da igreja” – disse um dos crentes indignados, acrescentando que “mesmo na vida carnal, em casos do género, os acusados são suspensos dos cargos, para dar lugar a uma investigação imparcial”. 

Entretanto, dias depois, a congregação ficou simplesmente estupefacta quando começou a perceber que, afinal, muito longe disso, o apóstolo Jaime Matlombe tinha começado a investir forte na identificação, perseguição e ameaça contra irmãos que tinham assumido as rédeas de organizar um expediente que devesse culminar com o pedido formal da sua destituição. Aliás, este processo, organizado por irmãos da igreja, teve de ser iniciado porque a nível do que se chama “direcção da igreja” ninguém mugia ou tugia. Todos estavam em silêncio, numa postura que parecia estar a normalizar o mais ignóbil pecado no mundo religioso.

“Até parece que eles também andam nisto. É uma vergonha de um tamanho que deita água abaixo o esforço de décadas para a construção da igreja” – censuram os crentes.

Entretanto, este cenário de silêncio foi depois compreendido como uma tentativa de os membros da direcção preservarem os ganhos materiais que têm como filiados daquele conclave que, há muito, vem protelando e protegendo comportamentos tidos como condenáveis na igreja, tanto do ponto de vista de práticas religiosas, assim como da gestão dos bens materiais e financeiros da igreja. Tudo protagonizado por Jaime Matlombe. 

Manções supostamente construídas pelo Apóstolo Matlombe em Ponta de Ouro, Marracuene e Lagoa Pati

Por causa da suspeita de gestão altamente danosa, há agora a ideia de que, assim que a questão do adultério ficar resolvida com a destituição do acusado, dever-se-á iniciar um processo sério de auditoria às contas da igreja e inventariação dos bens da igreja.

“Aqui veremos que a riqueza que o aquele homem demonstra não é fruto do trabalho, mas sim descaminho do que à igreja pertence” – apontam, defendendo mesmo a necessidade de contratação de firmas reputadas para auditar a componente financeira da congregação. 

Agentes da polícia leais a Matlombe intimidam crentes revoltados

O cenário de o apóstolo Jaime Matlombe e sua direcção estarem a tramitar um processo de perseguição dos crentes críticos e que entendem que o assunto de adultério deve, irremediavelmente levar à destituição daquele, pois ficou evidente quando, no dia 22 de Dezembro, em mais uma reunião marcada para debater o assunto, agentes de segurança, incluindo elementos à paisana da Polícia da República de Moçambique (PRM) [crentes da igreja e disfarçados em protocolos], concentraram-se em fotografar as matrículas das viaturas de irmãos críticos da postura do apóstolo Jaime Matlombe.

A questão da presença de elementos de segurança, supostamente para garantir a integridade física de Jaime Matlombe foi, desde o início, bastante criticada pelos crentes. É que, para os congregados, não faz qualquer sentido que um Homem de Deus, quando entra na igreja seja ladeado de homens de segurança, até armados. Mas este apóstolo, desde que foi ordenado, em 2000, assim se comportou e vem se comportando. Decidiu introduzir agentes de segurança para defende-lo. Estes andam disfarçados com estatuto de protocolos da igreja. 

O anterior apóstolo de Moçambique, Malaquias Magamane Massinga, em nenhum momento precisou de segurança. Nem em casa. Nem na rua. Nem na igreja.

Um dos agentes flagrados a tirar a matrícula das viaturas confessou, a posterior, que estava a cumprir da direcção e do apóstolo.

Uma participação, numa das unidades policiais da cidade de Maputo, foi feita por um dos crentes que tem estado a sentir ameaças pelo facto de estar posicionado do lado dos que querem a destituição do apóstolo acusado de estar a protagonizar inúmeros desmandos na congregação.

Contactada, a porta-voz da PRM na cidade de Maputo, Marta Perreira distanciou-se do comportamento de alguns colegas que usam o prestígio profissional para proteger a direcção da igreja e intimidar os crentes.

Luta até ao fim

Apesar do cenário de intimidação, os crentes dizem que a firmeza e a luta para a destituição do apóstolo acusado de adultério continuam inabaláveis, pelo que continuarão a seguir o assunto até às ultimas consequências.

Na reunião do dia 22 de Dezembro corrente com o grupo de jovens que exige esclarecimentos e aplicação da sanção de destituição, como é prática na igreja, a direcção da congregação terá dito que não competia a ela decidir. A decisão compete, isso sim, a um Conselho, que integra apóstolos da África do Sul. E o caso já estava, segundo disseram os membros da direcção, nas mãos desse Conselho, que poderá se pronunciar nos próximos tempos.

É uma promessa que não é bem vista no seio da maioria da igreja, tendo em conta que casos houve em que “pendentes” da igreja foram denunciados e o referido Conselho nunca se pronunciou.

Depois da explosão do assunto sobre adultério, o apostolo Jaime Matlombe quase anda confinado, reservando momentos somente para reuniões quase clandestinas com os superintendentes, cargo religioso que antecede ao de apóstolo.

O grupo de superintendentes, apesar de muitos mostrarem-se indignados com a actual situação na igreja, parece que não conseguem enfrentar de frente o actual apostolo, realidade que faz com que os crentes os acusem de cúmplices.

Em círculos próximos ao apóstolo acusado, o que se diz é que, em torno do escândalo de adultério, Jaime Matlombe tem estado a tentar passar a ideia de que os áudios que expõem em flagrante a relação a amorosa com a esposa do seu subordinado na fé são resultado de construção tecnológica. Ou seja, diz-se, tenta transmitir a ideia de que a voz não é dele, mas sim manipulação dos que o combatem na congregação.

Entretanto, para os que ouviram os áudios e o conhecem perfeitamente, a alegação de produção tecnológica é uma tentativa de fuga com o rabo à seringa, tendo em conta que a relação adúltera tem bastantes provas, e já tem episódios de confissão no seio familiar.

Segundo se sabe, além do assunto sobre adultério, os crentes elencaram, igualmente, na nota enviada à direcção da igreja, a necessidade de esclarecimento da questão relacionada com a mudança do nome da congregação, assim como os indícios de gestão danosa do património.

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