A província de Cabo Delgado debate-se a crise humanitária sem precedentes devido aos ataques perpetrados por grupos armados desde Outubro de 2017. Com a chegada dos militares estrangeiros, as Forças de Defesa e Segurança conseguiram recuperar algumas localidades que estavam nas mãos dos terroristas. Entretanto, apesar dos recentes êxitos, o Bispo da Diocese de Pemba, António Juliasse Sandramo, alerta que a crise humanitária tende a agravar-se naquele ponto do país e apelou à comunidade internacional “para não deixar Cabo Delgado se defender sozinho”.
“Cabo Delgado ainda tem 800 000 pessoas deslocadas. Ainda há muito movimento de pessoas deslocadas de áreas inseguras. São os novos deslocados que deixam suas aldeias em busca de um abrigo seguro”, explicou Juliasse Sandramo numa entrevista concedida ao Vaticano News
Prosseguindo, o Bispo da Diocese de Pemba declarou que os recentes ataques dos grupos armados, além de terem semeado luto e terror, fizeram crescer o número de deslocados que saíram das suas zonas de origem em busca de um lugar seguro.
“Neste momento, existem pessoas deslocadas em todos os distritos das regiões centro e sul da Província de Cabo Delgado, e também existem pessoas deslocadas em grande número, que estão a deixar a parte norte da vizinha província de Niassa para a parte centro e sul de Cabo Delgado”, disse o Bispo, para depois acrescentar que “a violência que vivemos em resultado deste terrorismo agravou a crise humanitária aqui em Cabo Delgado, a somar-se a outros factores que já existiam, como a pobreza, a exclusão e a falta de escolas em vários locais – todos estes factores têm agravado por esta situação de terrorismo”.
Por outro lado, António Juliasse Sandramo mostrou-se preocupado com os relatos de tensão em alguns campos de reassentamento e pediu assistência humanitária com urgência para a comunidade internacional.
“Se é verdade que o sofrimento que vivemos em Cabo Delgado é grande, não devemos perder de vista o problema real, as origens deste conflito, caindo em outro ciclo de violência ou iniciando novas formas de violência. A situação humanitária, portanto, continua como antes, e está piorando cada vez mais … A mensagem que tenho como apelo é: Por favor, não se esqueçam da situação aqui. Não deixem Cabo Delgado sozinho para se defender. Há necessidade de ajuda agora e não mais tarde. Agora, antes que seja tarde demais”, atirou Sandramo.
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