Retorno da Total: Pouyanné condiciona regresso a uma paz sustentável

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“Nós estamos prontos”, garante Nyusi

“Quando vir que a vida está de volta ao normal, com serviços do Estado e população, aí o projeto pode recomeçar”, replica CEO da Total

O CEO da Totalenergies, Patrick Pouyanné esteve está segunda-feira reunido com o Presidente da República, Filipe Nyusi, para discutir retoma do projeto de gás natural em Cabo Delgado, suspenso em março de 2021 após um ataque armado. Em declarações a imprensa, Pouyanné condicionou a uma paz sustentável para retoma das actividades. Por outro lado, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que Moçambique estava pronto.

O meu objetivo é que [o projeto] recomece em 2022, mas não estou sozinho. Nós estamos prontos”, referiu Nyusi, momentos depois do encontro com Pouyanné na Presidência da República.

Pouyanné, que chega em Moçambique depois de uma passagem em Ruanda, disse que estava “otimista” sobre a retoma dos trabalhos, embora sem compromissos, havendo previsão para este ano.

A construção da fábrica de liquefação de gás, extraído do fundo do mar (cerca de 40 quilómetros ao largo) é o maior investimento privado financiado atualmente em África e foi suspenso em março de 2021.

Um ataque armado à vila de Palma, que acolhia as empresas subempreiteiras e muitos dos trabalhadores do projeto, fez com que fosse invocada “force majeure” (termo contratual para ‘força maior’, em que nenhuma das partes pode ser responsabilizada) para travar todos os trabalhos em curso.

O CEO da Totalenergies disse que quando voltar a Moçambique quer poder ir “a Palma, Mocímboa da Praia e Mueda: quando vir que a vida está de volta ao normal, com serviços do Estado e população, aí o projeto pode recomeçar”, referiu.

Patrick Pouyanné disse que “muitos progressos já foram feitos e quero dar os parabéns às autoridades moçambicanas que juntamente com o Ruanda e SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] conseguiram que muita coisa fosse feita”. Uma força militar conjunta tem combatido os grupos insurgentesna região.

Pouyanné fez referência adois pontos cruciais, Mocímboa da Praia e Palma, apontando-os agora como sítios seguros.

“Mas há ainda algum progresso por fazer para termos uma segurança sustentada. Queremos ver a população e as vilas a voltar as suas vidas normais”, destacou.

O encontro terminou com assinatura de um acordo para acções de formação de 2.500 jovens de Cabo Delgado, com vista a criar oportunidades de trabalho decorrentes dos investimentos em curso.

Um tema que, referiu, está ligado às questões de segurança. “A normalização da vida social é parte da segurança, não é só um assunto das forças armadas”, referiu.

O Presidente moçambicano disse que a petrolífera “não saiu porque quis”. De igual modo, a população “saiu porque foi atacada, mas vai voltar, à medida que a normalidade for retomada, referiu, recordando um pedido que lhe foi feito durante uma visita a Palma: ser possível viajar tranquilamente na província.

Satisfeito com o avanço militar sobre a insurgência, o chefe de Estado espera ver essa tranquilidade reinar em toda a província, em breve. “Não é por cantar vitórias, mas estamos a trabalhar e a gostar do trabalho que os jovens [militares] estão a fazer”, sublinhou.

Sobre apresença de Pouyanné em Maputo, Nyusi comentou que “esta visita foi importante para se avaliar o que está a acontecer” e prometeu trabalho conjunto.

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