Evidencias

A alegria de quem culminou a licenciatura e ingressou para o mercado de trabalho

O mercado de emprego moçambicano está cada vez mais renhido, e para fazer face às oportunidades é necessária uma formação ou capacitação. Foram definidos objectivos de igualdade de género para que homens e mulheres tenham uma participação económica mais activa, com vista a reduzir a pobreza no país. Entretanto, apesar das políticas que têm sido levadas a cabo para empoderar a mulher e a rapariga, ainda existem barreiras que limitam o acesso da mulher no mercado do emprego. Visando quebrar essas barreiras, a Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique tem encorajado mulheres finalistas ou recém-graduadas a participarem nos projectos que promovem a empregabilidade.  

Neila Sitoe

De acordo com o último Senso Populacional (2017), o número de mulheres com o nível superior concluído aumentou em cerca de um milhão em dez anos, permitindo que mais mulheres concorram ao mercado de emprego para satisfazer essa necessidade.

Cristina Machel foi uma das jovens que decidiu abraçar a oportunidade de promoção de empregabilidade para jovens finalistas ou recém-graduados , soube, através de um amigo, da existência do Projecto Férias Desenvolvendo o Distrito  (PFDD) quando estava a culminar o curso de  Gestão de Educação no ano de 2014, concorreu e foi admitida para participar do estágio na sua área de formação no distrito de Boane, na província de Maputo, nos Serviços  Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia.

“Numa primeira fase estagiei na repartição de Ensino Geral com os técnicos, onde fazíamos visitas de monitoria as escolas para aferir as condições existentes para o arranque do ano lectivo, na segunda fase estagiei na repartição de Administração e Planificação e tinha como tarefa a recepção e revisão dos mapas estatísticos”, explicou.

Cristina conta que algo melhor não podia ter acontecido na sua vida, visto que a cada dia soube o número de pessoas formadas no país que nem oportunidade de estágio conseguem ter para poderem praticar o que aprenderam.

“Foi uma experiência boa porque tive a oportunidade de conciliar a teoria e a prática e conhecer a dinâmica de trabalho no sector da educação que é minha área de formação. Para o sucesso do meu estágio contei com a colaboração de todos os colegas do SDEJT, que mostraram uma abertura total para troca de experiências”, afirmou.

Melhor que participar de um estágio é a alegria de terminá-lo com a missão de dever cumprido e se sentir capaz e preparado para ingressar no mercado de trabalho, segundo a fonte este foi sentimento que teve após o término do estágio que lhe “abriu as portas” do emprego.

“Através do PFDD, inscrevi-me como membro da AEFUM, e passei a engajar-me em diversas actividades e consegui o meu primeiro emprego numa organização da sociedade civil, como oficial de projectos, onde estou até hoje”, louvou a iniciativa.

Quem também enaltece o Projecto Férias Desenvolvendo o Distrito é Elia Manhique, agrónoma de formação e profissão, que participou no PFDD em 2011 e através da iniciativa adquiriu expêriencia para poder engrenar no mercado de trabalho e hoje trabalha na sua área de formação.

“O meu ingresso no PFDD deu-me a oportunidade de ter uma visão mais ampla sobre o sector agrário e sobre o desenvolvimento da agricultura no seu todo e também das oportunidades que de la poderiam surgir para a empregabilidade dos jovens sobre o ponto de vista de empreendedorismo, foi onde também foi desenvolvido um projecto denominado projecto agropecuário jovem, onde tive a oportunidade de ser a coordenadora do projecto, no distrito da Moamba e foi uma das primeiras oportunidades de emprego e de empreendedorismo que eu tive”, louvou.

 

Elia acrescentou que as mulheres estão a participar no desenvolvimento socio- económico do país, de diversas formas, e no que tange a empregabilidade não foge a regra. Elas estão a desenvolver a si mesmas e as suas comunidades graças a várias políticas que têm sido implementadas.

 

“Hoje não faço parte das estatísticas das mulheres jovens desempregadas do país graças ao PFDD que me deu a oportunidade para conciliar a teoria e a prática, conhecer vivências diferentes das que estava acostumada, a conhecer Moçambique real e acima de tudo a oportunidade para singrar no mercado de trabalho”, revelou.

De acordo com Nélio Zunguza, coordenador geral da Associação dos Estudantes finalistas Universitários de Moçambique (AEFUM), a AEFUM em parceria com o governo de Moçambique criou o Programa Férias Desenvolvendo o Distrito (PFDD) uma iniciativa que visa contribuir para o desenvolvimento sustentável do distrito através do  aumento de índices de inserção profissional dos graduados do Ensino Superior, como também aumento de mão-de-obra qualificada nos distritos, o que impulsiona o desenvolvimento acelerado e sustentável.

 

“O PFDD consiste em levar estudantes finalistas e graduados aos distritos no período de férias, a fim de desenvolverem actividades de forma voluntária em diversos sectores com foco para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável sobre fome zero através do envolvimento dos jovens no incremento do empreendedorismo agrário sustentável”, explicou o coordenador.

 

Zunguza avançou que com a implementação do programa desde 2005, já foram alcançados resultados com impacto para os graduados, os distritos, assim como também para as comunidades no geral, e neste ano, apesar da pandemia da COVID-19, até ao fecho da reportagem a taxa das inscrições estava nos 75%, e os finalistas desta edição apoiarão também na prevenção, mitigação da pandemia da COVID-19.  

 

“Nesta edição estamos num ritmo satisfatório em termos de mulheres inscritas no programa, até então dos 75% dos inscritos, as mulheres são as que mais estão a aderir com 40% e encorajamos mais mulheres a participarem. E estamos a fortificar acções e desenvolver soluções de impacto e de iniciativas empreendedoras, com vista a criação de soluções diversas do dia-a-dia para dar respostas mais eficientes a situação socioeconómica face a COVID-19 em que o país se encontra e que exige dos estudantes e graduados uma maior participação e engajamento”, frisou.

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