Afonso Almeida Brandão
“Algumas pessoas caminham/ sobre a água/ Algumas pessoas caminham/ sobre vidros partidos/ algumas pessoas caminham à volta dos seus sonhos/ Algumas apenas continuam a cair” (Laurie Anderson).
Sexo. Desporto. Trabalho. Comida. Compras. INTERNET? Já todos sabíamos que não faltam por aí pessoas “matando-se” a trabalhar, a comer, a correr, “a copular” e mesmo a comprar. Mas o Séc. XX, que terminou há duas décadas, ainda não estava satisfeito. Tinha de terminar em grande estilo.
E acabou por arranjar mais uma maneira de se aproveitar das fraquezas do homo sapiens da classe média e classe média-alta, que grudou ao Computador até os neurónios quebrarem.
Os viciados compulsivos na Internet são o último grito das “dependências invisíveis” da vida actual. Os psicólogos (e os psiquiatras) vêem cada vez mais gente a entrar nos seus consultórios com distúrbios causados «pelo excesso de horas passadas em frente ao Computador», a falar, a desabafar, a namorar, a trabalhar, a jogar, a refilar e a insultar, com outras pessoas que povoam o “Ciberespaço” a fazerem o mesmo, interagindo e comunicando excessivamente.
Há utilizadores, de tal forma apanhados pela Rede Mundial de Computadores, que passam mais de oitenta horas por semana lá metidos. Entram impulsivamente pelas madrugadas em linha com o resto do Mundo. No dia seguinte, o trabalho (ou a escola) rende menos. A família tem menos atenção. E por aí adiante…
A teclar, cerca de três milhões de moçambicanos, espalhados de Norte a Sul do País, já serão “viciadas” a sério no consumo da INTERNET, segundo notícias recentemente divulgadas pela Comunicação Social entre nós.
Chegou-se à conclusão de que preferem a «rede» ao contacto directo com outros para construírem as suas relações profissionais, sentimentais e de amizade.
Este é um dos aspectos mais significativos em relação “à nova” dependência.
Ao contrário do que muitos pensam, as pessoas conseguem, de facto, exprimir-se e comunicar através do computador, tal como o fazem através do telemóvel e também do FAX.
A comunicação mediada por computador existe e não é coisa “tão fina e técnica” como possa parecer à primeira vista.
Há muita gente que afirma que na Internet, muitas vezes sob “a capa protectora do pseudónimo” (ou do anonimato!), dizem aquilo que jamais dirão a alguém face a face. Nem mesmo ao psicólogo ou ao psiquiatra.
É uma espécie de “Confessionário Nacional ao Domicilio”, quando não Internacional. Há sempre alguém invisível do outro lado do ecrã disposto a ouvir tudo e a responder vinte e quatro horas por dia.
As nossas Igrejas e os nossos Padres (ou os nossos Pastores, independentemente da Religião que seja), definitivamente, arranjaram uma nova concorrência neste Novo Séc. XXI. É bom que se cuidem quanto antes, neste dealbar de 2022, pois por este andar qualquer dia “correm o risco” de não terem fiéis a assistir às suas missas ou orações. Nem mesmo a IURD vai escapar — “camuflada” que está há vários anos, com outra “roupagem” e designação…
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