Indicação de um empreiteiro com supostas ligações a Feizal Sidat para construção da Arena de Vilankulo

DESTAQUE POLÍTICA
  • Há suspeitas de corrupção na “Casa do Futebol”        
  • O empreiteiro seleccionado fez obra da Maxixe e é irmão do advogado de Sidat
  • Director que revelou negociata sofreu ameaças de Sidat e pressão da SED
  • Sidat terá dito que a opção pela empresa é porque o Estado não tem dinheiro

Era para ter sido divulgado, na passada quarta-feira, dia 16 de Março, o nome do empreiteiro escolhido para a construção da Arena do Vilankulo, na província de Inhambane, que irá acolher o Campeonato Africano das Nações de Futebol de Praia, previsto para o mês de Outubro próximo. No entanto, a cerimónia acabou sendo adiada sine die depois que houve uma fuga de informação, que gerou uma onda de descontentamento muito grande no seio dos desportistas, por tratar-se de um empreiteiro supostamente com ligações ao presidente da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), Feizal Sidat, e que tem estado a executar obras sem muita qualidade no Estádio Municipal da Maxixe.

Evidências

Trata-se do seguimento do concurso público Nº 001/FMF/2022, de 24 de Fevereiro, que solicitava empresas nacionais ou estrangeiras a apresentarem propostas fechadas para a Obra Arena Desportiva de Futebol de Praia na Cidade de Vilankulo.

No passado dia 05 de Março, às 10 horas, estava marcada a visita ao local da obra por parte dos concorrentes, e era de carácter obrigatório. Como tal, 11 Onze empresas foram ver o local da obra, mas apenas três levantaram os cadernos de encargos ao preço de 10 mil meticais.

Trata-se de duas firmas de Vilankulo e uma de Maputo que avançaram para a última fase do processo de selecção, depois da desistência das outras por aparente incapacidade técnica.

Entretanto, o anúncio determinava que o anúncio da selecção do empreiteiro seria informada a todos concorrentes via e-mail no dia 16 de Março de 2022, no entanto, um dia antes desta data o director Provincial de Juventude, Emprego e Desporto em Inhambane, Hélder Jossias, acabou colocando a boca no trombone e anunciou aos microfones da RM Desporto que, afinal, o vencedor já estava previamente determinado.

Trata-se da mesma empresa que está a executar a parte física do Estádio Municipal da Maxixe, obra financiada pela FIFA. O empreiteiro é irmão do advogado de Sidat e é descrito como pessoa próxima a si.

“A empresa que vai edificar as obras da arena e os suplementos é a mesma que estava a edificar o campo municipal na Maxixe. A empresa neste momento está a mobilizar os materiais para começar com a montagem da arena, que é pré-fabricada, e cabe ao empreiteiro montá-la. Não se trata de uma construção de raiz e acreditamos que em menos de três semanas é possível edificar o campo principal. Os restantes são complementares e facilmente podem ser montados”, disse Hélder Jossias, anunciando já as movimentações de um empreiteiro, vencedor de um concurso cujos resultados seriam divulgados no dia seguinte.

Após a fuga de informação, um dia antes, a encenação do anúncio do vencedor que estava prevista para o dia 16 de Março acabou sendo adiada, sem nenhuma explicação formal, nem aos concorrentes, muito menos ao público em geral.

Evidências apurou que após o adiamento do anúncio de resultados, há esforços com vista a minimizar o impacto da divulgação do vencedor antes do tempo, que passa por indicar uma das duas empresas concorrentes de Vilankulo para tentar corrigir a gafe.

Director que deixou escapar o esquema ameaçado

Segundo fontes do Evidências, após a divulgação da entrevista no serviço noticioso da antena desportiva da Rádio Moçambique, o director Provincial de Juventude, Emprego e Desporto em Inhambane, Hélder Jossias, recebeu ameaças veladas vindas da Casa de Futebol.

Mas a pressão não parou por aí. As declarações inoportunas do director desagradaram ao Secretário de Estado dos Desportos e ao governador da província de Inhambane, Lourenço Chapo. 

Nos corredores da própria FMF diz-se que a preferência por aquela empresa deve-se ao facto de vir já trabalhando com a FMF, há já alguns anos, o que facilitaria a execução destas obras porque supostamente o governo não tem dinheiro e os patrocinadores ainda não desembolsaram os apoios prometidos.

A obra está avaliada em pouco mais de 69 milhões de meticais, sendo que se não houver nenhum pudor poderão parar nos bolsos de alguns compadres. Refira-se que o Evidências tentou, sem sucesso, obter esclarecimentos da Federação Moçambicana de Futebol.

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