- Falsificavam documentos para insurgentes
- Mais funcionários públicos de diversas instituições podem recolher às celas
Um total de cinco funcionários do Serviço Nacional de Migração (SENAMI), em Sofala, está sob custódia, acusados de envolvimento na falsificação de documentos que facilitaram a entrada ilegal de cinco imigrantes ilegais de nacionalidade somali, que se suspeita terem alguma ligação com o grupo terrorista que desde Outubro de 2017 vem aterrorizando a província nortenha de Cabo Delgado. Um dos somalis é tido como sendo o cabecilha e que coordenava a entrada ilegal de combatentes no país.
Jossias Sixpence – Beira
A informação foi tornada pública na última sexta-feira, na Beira, pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), numa altura em que os terroristas em Cabo Delgado parecem estar a mudar de estratégia e campo de actuação, ao visarem pela primeira vez distritos, mais a sul, que não estavam no seu raio de acção.
Ao todo, o SERNIC apresentou 10 indivíduos, sendo cinco funcionários do SENAMI acusados de auxilio à migração ilegal, enquanto igual número de cidadãos de nacionalidade somali são suspeitos de envolvimento em vários tipos legais de crimes, incluindo terrorismo.
Segundo o SERNIC, aqueles estrangeiros, que beneficiaram de um esquema de falsificação de documentos, actuavam como recrutadores de mão de militantes do grupo terrorista em países como o Quénia, mas também a nível de algumas províncias do país. Pesam ainda sobre eles acusações de crimes de tráfico de drogas e de pessoas.
“Viemos hoje confirmar que há sim funcionários da migração detidos por envolvimento no caso de tráfico de droga, recrutamento de membros para o financiamento do terrorismo em Moçambique”, disse Alfeu Sitoe, porta-voz do SERNIC em Sofala.
Alfeu Sitoe disse que os funcionários foram detidos sob mandado de captura emitido pelo Tribunal judicial da província de Sofala, no quadro das diligências em curso após a detenção dos cinco estrangeiros.
“Queria dizer que há indícios do seu envolvimento no caso dos estrangeiros detidos na terça-feira (21/06). Nós já dissemos que são funcionários do SENAMI envolvidos no mesmo processo que envolve os somalis”, frisou.
No acto da sua detenção, os cidadãos somalis estavam na posse de 11 passaportes, sendo seis com características quenianas e cinco com características somalis, um bilhete de identidade com características somalis e três com características quenianas, incluindo 13 cartões de pedido de asilo para Moçambique, para diversas províncias, incluindo Cabo Delgado.
Segundo o porta-voz do SERNIC, estes documentos carecem de alguma perícia para auferir a sua autenticidade.
“De referir que todos os documentos acima mencionados, tanto os estrangeiros quanto os nacionais, carecem de aferir a sua autenticidade, pois a observação visual indica serem falsos e que para conseguir os mesmos terão estado em colaboração com alguns funcionários com as instituições que emitem”, disse Sitoe.
Agente económico de nacionalidade somali tido como cabecilha da operação
Ahmed Said Agjar, um cidadão de nacionalidade somali, que reside na Beira, há já vários anos, com uma cadeia de estabelecimentos do ramo de restauração e outros serviços em Sofala, é tido como cabecilha destas operações.
Segundo o SERNIC, dedica-se a recrutar cidadãos nacionais e estrangeiros para integrar as fileiras dos insurgentes em Cabo Delgado. Em sua posse foram apreendidas 141 gramas de folhas frescas que se presumem ser estupefaciente, denominado SQUAD, um número não especificado de catanas e uma viatura com características duvidosas, por conter câmeras de vigilância na posição traseira e um suposto sistema de comunicação.
Supõem-se que a mesma era usada para transportar pessoas recrutadas. Aliás, é apontado como pessoa de contacto de imigrantes somalis e quenianos, aos quais quase sempre recebia pessoalmente nos postos de fronteira para facilitar a sua entrada no país.
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