Há suspeita de envolvimento de gente grande no caso da fábrica de Metanfetamina

POLÍTICA
  • Desmantelada semana passada na Ka-Tembe
  • Proprietários da fábrica de drogas e os trabalhadores fugiram antes de a polícia chegar
  • Houve fuga de informação e no local só foram encontrados vestígios
  • No local foram apreendidos dois camiões contentores que se supõe terem saído do porto

 

O caso da fábrica de metanfetamina em quantidades industriais, desmantelada, semana finda, na Ka-Tembe, numa operação conjunta entre a Polícia da República de Moçambique (PRM), em coordenação com o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), pode ter conexões a gente influente, segundo apurou o Evidências, de uma fonte ligada à investigação.

 

Reginaldo Tchambule

 

A referida fábrica, localizada no bairro Nguide, no distrito municipal Ka-Tembe, próximo à arena 3D da STV, foi desmantelada na tarde da passada quarta-feira e dedicava-se a produção em quantidades industriais de metanfetamina, uma droga pesada que se presume que era para abastecer o mercado nacional e internacional.

Em conexão com o caso, foram detidos quatro cidadãos, sendo três nacionais e um estrangeiro, de nacionalidade nigeriana, que eram simples transportadores de reagentes que foram surpreendidos quando estavam prestes a ir descarregar no local dois contentores de reagentes.

Ao que apuramos, devido a uma fuga de informação, os proprietários da fábrica de drogas e os trabalhadores fugiram antes de a polícia chegar. Dentro do edifício principal, que por fora parece ser uma residência normal, eram visíveis os vestígios da presença recente de pessoas que devem ter deixado o local às pressas, abandonando tambores com reagentes a fermentar, equipamento de laboratório e sacos do que parece ser droga em forma de comprimidos.

Segundo uma fonte ligada à investigação, tudo indica que os proprietários da fábrica, de nacionalidade nigeriana, operavam sob protecção de alguns cidadãos nacionais com algum poder de influência.

A fonte aponta, por exemplo, a apreensão de dois camiões porta contentores de 20 pés cada, com reagentes prestes a serem descarregados no local, o que mostra a facilidade com que os nigerianos conseguiam descarregar e desembaraçar, a partir do porto de Maputo, grandes quantidades de produtos usados na fabricação de estupefacientes.

Suspeita-se que o produto destinava-se não só ao mercado doméstico, como também ao mercado internacional, o que, segundo a fonte, mostra as conexões que este negócio tem com facilitadores nacionais.

 

No local foram encontrados diversos materiais, entre reagentes químicos, tubos de ensaios, geradores, máscaras e outros equipamentos de laboratório usados para a produção de drogas.

“Neste desmantelamento foram detidos quatro indivíduos que são os transportadores de reagentes e também apreendemos determinada droga que presumimos que seja metanfetamina. Desta apreensão pode também se ver vários reagentes e equipamentos de pesagem, para além de uma rota de fuga a partir de túneis e nós presumimos que tudo isto foi propositadamente criado para que ao serem surpreendidos os indivíduos pudessem escapar”, disse Leonel Muchina, porta-voz da PRM, sem, no entanto, avançar mais detalhes, alegando que é para não comprometer o curso das investigações.

Para disfarçar as actividades ilícitas, os proprietários da fábrica, que se supõe que sejam de nacionalidade nigeriana, construíram enormes pavilhões e espalharam excrementos de frangos para simularem tratar-se de um pavilhão.

O local onde estava instalada a fábrica chamava atenção dos vizinhos pelo imponente muro de vedação de quase três metros. No interior da casa principal há um túnel que faz a ligação entre dois edifícios e a polícia acredita que era a rota de fuga dos criminosos em caso de algum problema.

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