O CRISTO DAS PALHINHAS OU DA CRUZ?

OPINIÃO

(Para Sheikh Aminuddin Mohamad, pela pessoa que é, com Afecto)

Afonso Almeida Brandão

O Cristo que nós veneramos e adoramos, o Cristo que nasceu nas palhinhas é o mesmo que morreu na cruz.

Mas agora que estamos próximos do Natal dei comigo a pensar qual deles não estará mais próximo, e a resposta, parecendo óbvia, pois poderemos ser levados a pensar que essa distância depende talvez da época do Ano, se dermos mais um passo verificamos que estão ambos à mesma distância, nós é que estamos mais perto UM do OUTRO.

E de que depende essa distância? Do estado de espírito, do ambiente, das pessoas que nos rodeiam, da nossa força de vontade e eu sei lá mais do quê.

Mas a Igreja encarrega-se de nos recordar que no Natal ELE “nasceu” e na Páscoa ELE “morreu”, ensinando-nos em simultâneo que Deus não nasce nem morre. Deus é.

De que depende  afinal essa distância de UM para OUTRO, se ambos são O mesmo?

Uma criança compreende mais facilmente o Deus das “palhinhas”, um jovem compreenderá talvez melhor o Deus das Multidões, um casal talvez melhor o Deus de Nazaré, um adulto o Deus da Cruz, um consagrado ou consagrada talvez o Deus do Tabor e por aí fora. Estou apenas a especular, pois cada um é como cada qual, somos todos muito iguais e todos muito diferentes. Independente da Religião que possamos seguir.

Não há dois cabelos iguais nas nossas cabeças nem na cabeça de nenhum ser humano, antes ou depois de nós, como também não há dois seres que vislumbrem Deus exactamente da mesma maneira. Nem houve ou haverá, antes ou depois de nós.

Cada um tem a sua visão e/ou relação individual, com esse Deus que é igual para todos, mas diferente para cada um de nós. Que mistério maravilhoso!

O ambiente que nos rodeia, seja Natal ou Páscoa, não faz desaparecer um ou o outro; no Natal não se retiram os Crucifixos e na Páscoa o Menino Jesus também não desaparece completamente. Não conseguimos separar um do outro, eles são O mesmo, e são mesmo. É o mesmo Homem e é o mesmo Deus. Como é isto possível? Como dizia uma velha Freira Salesiana, “a Deus nada é impossível”. E quer os Muçulmanos, quer os Judeus, não deixam de ter, também, as suas datas Comemorativas nos seus Calendários.

E se Deus é Deus, isto só pode ser verdade. Ora se Deus cria a partir do nada, porque não haveria de querer partilhar connosco o nosso Destino? Porque não havia o Criador de querer estar junto da criatura?

Deus fez-se Homem, porque nos quis acompanhar neste curto caminho de volta para Ele, não consegue estar um segundo sem nós.

Como se não aguentasse a espera… como a amada ou o amado não aguenta a distância, sonhando dia e noite com o reencontro. Deus é igual. Também não aguentou a distância e quis juntar-se a nós. Não quis que andássemos por aqui sozinhos. O que seria de nós? Onde iriamos parar?

Já imaginaram um Mundo sem Deus? O simples pensamento é tão arrepiante e assustador que dá medo. A mim dá medo. E para que esse pensamento não tome conta de nós, Deus fez-se Visível. E foi por isso que há 2022 anos, nasceu Aquela Criança e quem O viu ficou deslumbrado. Dos Pastores aos Apóstolos, dos pagãos aos crentes.

E por isso este Deus das “palhinhas” e da “cruz” continua connosco passados todos estes Séculos. Sem Ele  a nossa vida esvaziava como um saco de plástico caído pelo chão. Com Ele o saco voa. A nossa vida só tem sentido se for cheia.

Cheia de Amor, conforme manda o tal Mandamento Novo que sendo novo, estava apenas esquecido, como esquecido continua tantas vezes, há que reconhecê-lo. E o mesmo acontece com o Alcorão dos Muçulmanos que, por vezes, (também) fica esquecido por quem é Crente e Praticante. Ou com a Bíblia dos Católicos ou ainda com a Torah dos Judeus. Deus é transversal.

O Deus homem foi um Homem Livre, podia ter virado ascostas à Cruz. Mas não virou. Suou sangue e lágrimas, mas foi em frente. De livre vontade. Sem ninguém O obrigar ou convencer. E com o coração inundado de Amor, porque sabia que essa Cruz nos iria Salvar. É um Amor tão Forte e Poderoso que nós não percebemos nem sequer conseguimos senti-lo, podemos apenas tentar corresponder (ou imaginá-lo). Esse Mistério será sempre um Mistério, como Deus também é um Mistério, inerente a qualquer Religião que seja. E nós somos a Humanidade na Terra!

E nós só temos que estar eternamente gratos por esse GESTO que nos salvou. E tentar cumprir o tal Mandamento Novo. Será assim tão difícil?É fácil amar os que estão longe, mas tão difícil os que estão perto e nós bem sabemos quem está perto e quem está longe.

Com a ajuda de Deus, que se obtém única e exclusivamente através da Oração, tudo se torna mais fácil e quando tomamos a iniciativa de “pegar no telefone ou no Cell”, para ligar àquela pessoa com quem “não conseguimos falar”, ganhamos liberdade e essa liberdade torna-nos mais feliz.

Jesus tomou essa suprema decisão de forma completamente livre, sem pressões nem influências, naquela Noite tão escura em que tudo à Sua volta ficou escuro. Ficou completamente só com o Pai. Todos O abandonaram. Mas Ele quis ficar e ficou, e assim continua vivo e presente em nós, nos nossos corações, de onde nunca mais saiu. Penso que em nome de Allah, O Misericordioso e Profeta Maomé, em referência ao Livro Nobre do Alcorão teria acontecido algo semelhante para que os Mulçulmanos continuem Fiéis e visitem MECA pelo menos uma vez na vidaTerrena, paraOrar e estar perto Dele.

Portanto, Meus Queridos Leitores, Crentes e Fiéis de Todas as Religiões e ao Sheikh Aminuddin Mohamad, peço que deixemo-Lo ficar, porque com Ele cá dentro a Vida é mais Fácil e Melhor.

Quem sentir essa LUZ não a deixe apagar-se e quem não a sentir não desista de a procurar — o que por vezes acontece comigo, «Eu Pecador Me Confesso!».

Foi assim que os Reis Magos procuraram e encontraram esse Deus Menino, para depois voltarem com Deus “homem”, esse Deus que foi crescendo nos seus corações e que levou das palhinhas à cruz e da Cruz à Vida Eterna

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