- Do alinhamento aos candidatos consensuais
- Até listas do Comité Central foram feitas para não haver grande concorrência
- Chipande, Chissano e Nyusi metem e mantêm filhos no Comité Central
Até ao quarto dia do Congresso da Frelimo, os delegados celebravam o anúncio dos resultados da eleição dos 79 membros que faltavam para a composição final do novo Comité Central da Frelimo. Uns totais de 101 candidatos inscreveram-se em várias listas, a nível central, com destaque para “renovação – homem”, onde 31 nomes sonantes disputavam 30 assentos, numa clara demonstração do afunilamento da democracia interna. Apenas um devia ser “abatido” e foi Agostinho Mondlane. Numa outra lista de “continuidade mulheres”, não passou desapercebida a ausência de nome da Graça Machel, que segundo fontes, terá renunciado por iniciativa própria, num escrutinou onde outros camaradas terão metido ou conseguido manter os filhos, tais são os casos de Filipe Nyusi, Joaquim Chissano, Alberto Chipande e Margarida Talapa. Do resto, até no quarto dia, era seguro afirmar que o XII Congresso da Frelimo que decorre desde última quinta-feira (23), serviu para carimbar a inovação que vem marcando o consulado de Filipe Nyusi: candidaturas únicas e listas quase que simétricas ao número de assentos.
Evidências
Hossanas e cânticos de exaltação a Filipe Nyusi, caracterizam os primeiros quatro dias do XII Congresso da Frelimo, que decorre na cidade da Matola, desde a passada sexta-feira e que hoje termina. Diga-se em abono da verdade que a Frelimo “assaltou” a cidade com sua onda vermelha.
Seguindo um roteiro que vem sendo ensaiado desde a célula, os camaradas reprimiram “feridas” e entoaram cânticos de exaltação que se estenderam até esta segunda-feira, e deverão manter-se enquanto sobre uma tímida tensão se aguarda pelo novo figurino da Frelimo, cuja composição até aqui anunciada não revela surpresas. Afinal, foram candidatos únicos e eleitos à moda Coreia do Norte.
Esta segunda-feira, o dia mais agitado do Congresso foi marcado pela eleição dos 79 membros que faltavam para completar o Comité Central composto por 230 membros, dos quais maioria já foi eleita nas conferências Províncias. Embora tenham sido eleitos no período da tarde, os resultados só foram conhecidos na madrugada desta terça-feira, sem no entanto trazer grandes resultados.
É que, seguindo a tendência das candidaturas únicas, as listas dos candidatos ao Comité Central foram feitas de forma milimetricamente simétrica ao número de vagas, ou seja, listas há que do total de candidatos apenas um é que ficava de fora.
A semelhança do que se viu nas Conferencias provinciais, onde entraram todos os governadores e secretários do Estado, a nivel central assistiu-se o mesmo. Parte consideravel dos assentos, foram ocupados por ministros proximos de Nyusi.
Sem grandes surpresas, nomes como Roque Silva, Eneas Comiche, Carlos Mesquita, Alberto Chipande, Sergio Pantie, Aíres Aly, Tomás Salomão, Celso Correia, Jaime Basílio Monteiro, Eduardo Mulembue e Raimundo Pachinuapa conseguiram se eleger facilmente na Continuidade Homens, uma lista em que concorriam 31 candidatos para 30 vagas, ou seja, apenas Agostinho Mondlane é que não conseguiu entrar.
Nas mulheres, onde uma atitude altruísta não passou despercebida, ou seja, a renúncia de Graça Machel que decidiu não concorrer para o escrutínio, havia 18 candidatas para 16 assentos e, como havia pouca concorrência nomes como Margarida Talapa (mais votada), Nyelete Mondlane, Esperança Bias, Verónica Macamo, Carmelita Namachilua, Luísa Diogo, Alcinda Abreu, Ana Ritha Sitole e Amélia Tomás Muendane só foram cumprir formalidade.
Nos jovens, o grande destaque vai para a eleição de Oswaldo Peterburgo, que no Congresso passado não conseguiu chegar ao Comité Central. Igualmente, Jacinto Nyusi, filho de Filipe Nyusi conseguiu entrar no órgão.
Na altura do fecho desta nota de última hora, na madrugada desta terça-feira, estava a iniciar a primeira sessão ordinária do Comité Central, que deveria eleger que elegeu o secretário-geral do Partido, nova Comissão Política e o Comité de Verificação.
Roque Silva e outros sobreviventes
A chances de tanto, Roque Silva como parte dos membros da Comissão Política manterem-se nos cargos, depois de conduzir o processo dos candidatos únicos para o secretariado do partido a nível das províncias, até a presidência do mesmo, eram muito elevadas.
Mas mesmo que não passe, já tem um lugar de honra dentro do partido, é a instituição de membros honorários do partido, um órgão composto por antigos secretários gerais e demais dirigentes da Frelimo, eleitos no Congresso. Na sua concepção, integra três fundadores da Frelimo e três antigos secretários gerais que foram propostos pelo Presidente da Frelimo e tiveram aprovação, por aclamação, dos delegados ao XII Congresso da Frelimo, que termina esta quarta-feira.
Os seis juntam-se aos antigos Presidentes da Frelimo e da República, Joaquim Chissano e Armando Guebuza, que também foram proclamados Presidentes Honorários do partido após a cessação das suas funções.
Na senda do novo figurino do Comité Central, dos candidatos e apurados para membros daquele órgão, não houve grandes quedas e muito menos surpresas quanto aos resultados dos 79 membros eleitos nesta segunda-feira. São nomes próximos ao poder político e na sua maioria já estavam no CC.
Regra geral, não houve disputa, tirando a lista de renovação homens em que 13 candidatos concorriam a sete assentos. É uma aproximação aos números norte coreanos e certamente, no futuro poderá ser um caso de estudo. Mas para já a pergunta que não quer calar é: Qual é a mensagem que o partido quer transmitir?
Em claro sinal de nepotismo, Chipande, Chissano e Nyusi metem os filhos
Diz o adágio popular que filho de peixe, peixinho é, mas na política nem sempre funciona, pois é uma área que exige dom e vocação. No entanto, na Frelimo, o nepotismo parece estar a virar moda, com os camaradas mais influentes a tudo fazerem para manter o poder dentro dos seus “apelidos”.
É o caso de Alberto Chipande que na lista de continuidade homens concorria com seus dois filhos, Alberto Chipande Jr. e Namoto Alberto Chipande. Todos entraram. O mesmo acontece com Jacinto Nyusi que com o pai ao leme conseguiu entrar de forma folgada no Comité Central.
Quem também conseguiu eleger o seu filho é Joquim Chissano, que viu N´Naite Joaquim Chissano sair da cauda na lista dos candidatos para renovação para o topo três dos mais votados. Quem também manteve-se no Comité Central é Anchia Talapa que conseguiu sobreviver na lista de continuidade liderada pela mãe. Quem não teve mesma sorte é o seu esposo Manuel Formiga que mais uma vez fica fora do Comité Central.
Confira a lista dos eleitos para Comité Central
Continuidade Homens:
- Roque Silva
- Eneas Comiche
- Carlos Mesquita
- Alberto Chipande
- Eduardo Mariano Abdula
- Sergio Pantie
- Aíres Aly
- Tomás Salomão
- Celso Correia
- Carlos Agostinho do Rosário
- Antônio Niquice
- Raimundo Diomba
- Jaime Basílio Monteiro
- Raimundo Pachinuapa
- Chaquil Aboobacar
- Eduardo Mulembue
- Alcidio Nguenha
- Carvalho Muaria
- Alberto Chipande Junior
- Jose Pacheco
- Samora Machel Junior
- Licinio Mauaie
- Bruno Morgado
- Dominique Pirre
- Arlindo Chilundo
26…..
- Augusto
- Marcelino…
- Namoto Chipande
- Salimo Vala
Continuidade Mulheres:
- Talapa
- Nyelete
- Esperança Bias
- Veronica
- Carmelita Namachilua
- Luisa Diogo
- Alcinda Abreu
- Ana Ritha Sitole
- Amélia Tomás Muendane
- Lucinda Espírito Santo
- Marina Pachinuapa
- Sônia Macuvele.
- Emília Moiane.
- Conceita Sortane
- Maria Fernanda
- Anchia Talapa
Renovação Homens:
- Adriano Maleiane
- Ernesto Max Tonela
- Naite Chissano
- Constantino Bacela
- Pedro Guiliche
- Rui Chong Saw – Cota RUCA
- Oswaldo Petersburg
Renovação Jovens:
- Jherson Fernandes
- Jacinto Nyusi
- Baera Bento Morreira
- Francisco Nunes
- Constantino Andrade
Renovaçao mulheres:
- Luísa Meque
- Dulce Canhemba
- Julieta Juma
- Helena Kida
- Rosene Salomão
- Josefina Mpelo
- Ana Comoana
8.
9.
10.
- Eldevina Materrula
12.
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