EDM processa jornalista que denunciou esquema de corrupção em Inhambane

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A empresa Electricidade de Moçambique (EDM) intimou para responder a um interrogatório no âmbito do processo especial número 1038/0809/P/2023 na Procuradoria Distrital de Massinga, em Inhambane, o jornalista Armindo Vilanculos da Rádio Comunitária Kussinga. Em causa está uma denúncia feita pelo jornalista a 08 de Novembro de 2022, onde este demostrava a existência de um esquema de corrupção e roubo de energia eléctrica envolvendo um técnico da EDM afecto à área de distribuição daquele distrito.

A informação veiculada pelo jornalista teria partido duma denúncia feita pelos populares da comunidade do bairro Conze, na Vila-sede do distrito, que revelou a “existência, em certos pontos do mesmo bairro, de residências com acesso privilegiado à corrente eléctrica, em detrimento de outras”. De acordo com populares na altura entrevistados pela rádio, “o acesso à corrente eléctrica só era possível mediante o pagamento de 6.000,00 MZN (seis mil meticais) por residência”, uma prática que contraria a gratuitidade dos serviços de ligação, reparação e manutenção da rede eléctrica em Moçambique.

De acordo com a rádio Kussinga, “depois de recolher os dados junto dos denunciantes, a emissora procurou ouvir o director da EDM, Nito Silvestre Adriano, mas este recusou-se a prestar declarações, porque no seu entender “existia [na altura] ele não tinha competências para falar à imprensa”. Ainda assim, a rádio veiculou a informação.

Passados quase quatro meses, o Jornalista Armindo Vilanculos recebeu nesta segunda-feira uma notificação da Procuradoria Distrital de Massinga para ser ouvido em torno do caso.

O MISA Moçambique condena a postura da EDM por entender que esta é uma forma de intimidar e perseguir os jornalistas que reportam e denunciam, corajosamente, actos de corrupção nas empresas participadas pelo Estado. O MISA diz não entender a pressa do director da EDM em apresentar a queixa contra o jornalista, em detrimento de ir ao terreno para apurar a veracidade das denúncias em benefício dos clientes da empresa.

O MISA entende que ao processar o jornalista, o director da EDM em Massinga, ameaça a independência editorial dos jornalistas, encobre deliberada ou indeliberadamente os presumíveis corruptos e corruptores e exime-se da responsabilidade de garantir a gestão transparente daquela empresa pública.

O MISA faz lembrar que as fontes de informação têm a prerrogativa legal de aceitar ou recusar entrevistas. Mas tal recusa não significa a não difusão da informação em causa. O MISA irá, por isso, acompanhar o caso a par e passo, oferecendo todo o apoio necessário em defesa do jornalista e da Rádio Kussinga.

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