Homens e rapazes desafiados a serem mais activos no combate contra gravidez precoce e uniões prematuras

DESTAQUE SAÚDE SOCIEDADE

Com o objectivo de aumentar a consciência dos diversos actores acerca da importância do engajamento masculino nas intervenções para eliminar a gravidez precoce e os casamentos prematuros, a Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Família (AMODEFA), organização da sociedade civil que integra o projecto “Promoção colectiva transformadora do género para a abordagem das uniões prematuras e avançar os direitos das raparigas, capacitou, recentemente, 40 activistas nos componentes de Gênero e Masculinidade.

De acordo com Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em Moçambique (IMASIDA 2015), em todo território nacional quase metade (46%) das mulheres adolescentes tiveram uma criança nascida-viva ou estiveram grávidas pela primeira vez.

Por outro lado, dados tornados públicos pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano apontam que em 2022 em quase todas a províncias do país houve um aumento de casos reportados de alunas grávidas comparados com o ano 2021.

Visando reduzir os altos índices de gravidez precoce no país, Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Família (AMODEFA) formou recentemente, 40 activistas nos componentes de Gênero e Masculinidade.

Em representação daquela organização da sociedade civil, Eunice Margarido referiu que a saúde sexual e reprodutiva não deve ser apenas assunto que interessa apenas as mulheres. Aliás, Margarido, que explicou que a capacitação visava consciencializar os homens e rapazes sobre as uniões prematuras e gravidez precoce, aponta que a gravidez é resultado de uma acção entre pessoas de sexos opostos.

“Os números não mentem. Os índices de gravidez precoce tendem a aumentar a cada ano que passa. Como sociedade civil isso nos preocupa sobremaneira. A nossa sociedade é machista quando se trata de gravidez, visto que atira sempre a culpa a mulher. Queremos quebrar esse tabu e, por isso, queremos desafiar homens e rapazes através desta formação para serem mais activos no combate contra os casamentos prematuros e gravidez precoce”, disse Eunice Margarido para posteriormente avançar que os homens não devem olhar para a questão da saúde sexual e reprodutiva como mero assunto das mulheres.

“Infelizmente, ainda há zonas em que se olha para a questão da saúde sexual e reprodutiva como assunto das mulheres. Queremos que os formandos façam um trabalho de consciencialização para acabar com esse tabu porque só assim é iremos conseguir acabar com as uniões prematuras e gravidezes precoces em todo território nacional.

Abel Gomes, activista de 23 anos de idade, não tem dúvidas de que depois capacitação terá mais capacidade de combater as uniões prematuras e gravidez precoce dentro da comunidade em que está inserido. Contudo, recomendou a AMODEFA a criação de grupos de diálogo de género que permitam discussão e uma reflexão contínua de desmistificação das normas, valores, estereótipos de género e ideias sexistas que normatizam e naturalizem a fragilidade e incapacidade intelectual de mulheres em relação aos homens no processo de formação.

Por sua vez, Mateus Cossa defendeu que a Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Família, que integra o projecto “Promoção colectiva transformadora do género para a abordagem das uniões prematuras e avançar os direitos das raparigas”, deve pautar uma abordagem transformativa de género em seus processos pedagógicos, desenho de metodologia e preparação dos conteúdos didáticos para facilitar o seu trabalho junto as comunidades.

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