Governo de Nyusi ignora mais uma proposta para homenagear Samora Machel

DESTAQUE POLÍTICA
  • Depois de negar dar nome ao Aeroporto, agora nega monumento no Estádio da Machava
  • TOP MUSIC propõe construção de monumento Samora Machel na Machava
  • “Celebrações do dia da independência não devem acontecer no cemitério”

Em menos de um ano, Filipe Nyusi assistiu a duas cerimónias de construção de memoriais em homenagem a Samora Machel em dois países distintos da região, nomeadamente Botswana e Zimbabwe, neste último, na semana passada onde participou do lançamento da primeira pedra. No entanto, o seu Governo intramuros tem se recusado peremptoriamente a aceder a iniciativas de particulares e ou grupos de cidadãos no sentido de homenagear àquele que foi o primeiro Presidente da República. Depois de ter recusado, há alguns anos, a proposta do Parlamento Juvenil, suportada por mais de 20 mil assinaturas, de transformar o Aeroporto Internacional de Mavalane em Aeroporto Samora Moises Machel como tem sido tradição nas maiores cidades do mundo, desta vez o Governo de Filipe Nyusi está a ignorar um ambicioso projecto de um grupo de cidadãos que pretende aproveitar o espaço baldio, tomado pela mata e que por vezes serve de cena de vários crimes, incluindo assassinatos, para se construir um belo e moderno monumento em homenagem ao herói nacional, Samora Moises Machel, onde passariam a ser feitas todas as cerimónias em sua memória.

 

O Estádio da Machava, em tempos considerado a catedral do futebol moçambicano, foi o palco da proclamação da independência no dia 25 de Junho de 1975. Na qualidade de Presidente da República Popular de Moçambique, Samora Moises Machel foi quem proclamou a independência, com um discurso épico que atravessa gerações e ecoa na memória de milhares de moçambicanos.

Com o claro objectivo de homenagear Machel, a Associação dos Realizadores de Espectáculo Musicais, sobejamente conhecida por TOP Music, liderados por Eurico Manjate, propôs, em 2021, ao Governo a construção de um monumento no recinto que acolheu a festa da proclamação da independência nacional.

No entanto, tal como fez com a proposta do Parlamento Juvenil, que sugeria alteração do nome do Aeroporto Internacional de Maputo para Aeroporto Internacional Samora Machel como forma de homenagear os ideais do homem que proclamou a independência nacional no dia 25 de Junho de 1975, o Governo liderado por Filipe Jacinto Nyusi ignorou a proposta, justificando que não dispõe de fundos para a construção do monumento.

De acordo com a TOP MUSIC, o monumento visa homenagear o primeiro presidente de Moçambique independente pelos seus valores patrióticos, sua entrega na libertação do País e a construção do novo Estado.

Ainda no rol dos argumentos para convencer o Governo, a instituição liderada por Eurico Manjate, que defende as celebrações do dia da independência nacional não podem acontecer no cemitério, ou seja, na Praça dos Heróis, acrescenta que a construção do monumento no Estádio da Machava visa igualmente promover o espaço e honrar o legado dos libertadores da pátria moçambicana do colonialismo português, imortalizar os feitos dos heróis e consciencializar as crianças, adolescentes, jovens e adultos para reconhecer este local histórico.

Visando transformar materializar o seu projecto, a Associação dos Realizadores de Espectáculo Musicais solicitou apoio de diversas instituições do Estado, nomeadamente, Presidência da República, Procuradoria – Geral da República, Gabinete do Primeiro – ministro, Ministério da Justiça Assuntos Constitucionais e Religiosos, Ministério dos Transportes e Comunicações e Assembleia da República.

Na resposta à carta emitida pela TOP MUSIC, a Presidência da República referiu que o Ministério da Cultura e Turismo era a instituição que podia cuidar do assunto.

“Em relação ao convite e iniciativa, Sua Excelência Senhor Presidente da República, agradece, entretanto, conforme comunicado através da nota com referência n° 655/PR/GAB/11/2021, de 14 de Maio de 2021, V.excia deverá contactar o Ministério da Cultura e Turismo”, lê-se no oficio número 1607 que a Presidência da República emitiu em resposta ao pedido da TOP MUSIC.

PGR foi a única instituição que se mostrou disposta a colaborar com a iniciativa

Se por um lado, o Gabinete do Primeiro – Ministro respondeu que a Associação dos Realizadores de Espectáculo Musicais devia submeter a sua proposta nos Ministérios da Economia e Finanças, dos Combates, da Cultura e Turismo e no Governo da Província de Maputo. Por outro, a Assembleia da República preferiu abraçar o silêncio, visto que ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Das instituições do Estado solicitadas, a PGR foi a única instituição que se mostrou disposta a colaborar com a iniciativa, enquanto o Ministério da Economia e Finanças evocou a falta de fundos para ignorar o projecto.

“Sobre a solicitação de apoio na efectivação da justiça no âmbito das respostas dos contactos preliminares efectuados a várias instituições do Estado e Públicas do projecto que visa a divulgação da história da independência de Moçambique informamos que procederemos nos termos solicitados caso necessário”, lê-se na resposta da instituição liderada por Beatriz Buchile.

Esta não é a primeira vez que o Governo liderado por Filipe Nyusi ignora uma proposta para a homenagear Samora Machel. Quando se assinalou o 30º aniversário do fatídico acidente que vitimou o primeiro Presidente da história de Moçambique, o Parlamento Juvenil, um movimento de advocacia em prol dos direitos e prioridades da juventude moçambicana, enviou uma petição ao Chefe de Estado sugerindo a alteração do nome do Aeroporto Internacional de Maputo para Aeroporto Internacional Samora Machel como forma de homenagear os ideais do homem que proclamou a independência nacional no dia 25 de Junho de 1975.

No entanto, o processo continua em “banho Maria”, ou seja, ainda não mereceu a atenção do Empregado de todos os moçambicanos.

Facebook Comments