O docente, pesquisador e director de Qualidade, Inovação, Pesquisa e Extensão na Universidade Wutivi (UniTiva), lançou, na quarta-feira, 31 de Maio, em Maputo, a sua mais recente obra literária denominada “Políticas linguísticas e Políticas Educacionais: Prefiguração e performatização de identidades em Moçambique”. O livro, com quatro capítulos e 360 páginas, sai pela chancela da Sagaz Editora e resulta da tese de Doutoramento em Sociedade, Cultura e Fronteiras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Brasil).
No livro, o pesquisador defende que enquanto instrumentos de prefiguração da identidade nacional, para neutralizar a heterogeneidade que compõe o mosaico etnolinguístico e cultural do país, as políticas linguísticas e as políticas educacionais de Moçambique preconizam a inviabilização do outridades (ou seja, é uma teoria que afirma que o ser humano depende de ser humano para se constituir em uma relação social), culminando mais com a promoção de exclusão do que inclusão.
O autor refere que com base na análise e interpretação dos dados que incluem várias leis, documentos históricos, paisagens linguísticas e excertos de notícias e de artigos de opinião publicados em jornais, constatou que as políticas linguísticas e as políticas educacionais em Moçambique, enquanto instrumentos de gestão do território e da pluralidade étnico-linguística e cultural, estão estritamente associadas à prefiguração da identidade nacional.
“Por conseguinte, ambas não reflectem, integralmente, os desafios e os anseios de parte significativa da sociedade, em virtude de que ainda persistem violações dos direitos linguísticos e dos direitos humanos, sobretudo quando os cidadãos não têm igualdade de acesso aos serviços públicos como ministérios, tribunais, esquadras de polícia, bem como aos bens de consumo, à informação e à educação escolar plena nas suas respectivas línguas autóctones, porque a língua que une, inversamente separa e exclui, ao criar barreiras selectivas para a integração efectiva dos cidadãos na sociedade, explica.
Defende, ainda neste escrito, a necessidade de se ajustar, enquanto colectividade nacional, as concepções sobre os estudos da linguagem em sociedades globalizadas, como a moçambicana, de modo a problematizar e desnaturalizar se a ideia de existência de línguas puras e uniformes, ou seja, pré-dadas.
O reitor da Universidade WUTIVI e membro do Conselho Nacional do Ensino Superior, Professor Doutor Nelson Júlio Chacha, a quem coube a responsabilidade de apresentar a obra, refere que a base do pensamento do autor situa-se nas políticas linguísticas e a sua relação com as políticas educacionais e faz a indexa dessa relação com a prefiguração e a performatização de identidades.
“Macaringue viajou pela situação sociolinguística do país, caracterizada pela coexistência de um complexo mosaico étnico-linguístico e cultural cortejado por pressupostos histórico-ideológico que ditaram a escolha da língua portuguesa para Moçambique, língua que na visão do seu autor serviu para dominar, se-gregar des-agregar, promover injustiças sociais e invizi-bilizar pessoas, culturas e a sua sócio-história”.
Na consideração da Professora Doutora Maria Elena Pires-Santos, que prefaciou o livro, a obra é um grande hino à pátria que habita no autor e está segmentada em quatro momentos principais estruturados em um número de páginas aos graus de um ângulo giro.
O evento contou com a presença da administradora do distrito de Boane, Guilhermina Magno, do chanceler da UniTiva, Domingos Tivane, dos docentes, estudantes, directores centrais, corpo técnico administrativo, familiares e amigos.
Ilídio Macaringue, de nacionalidade moçambicana, é doutor e mestre em Sociedade, Cultura e Fronteiras, com enfoque para Linguagem, Culturas e Identidades, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Brasil), MBA em Educação Híbrida e MBA em Inovação e Aprendizagem Activa pelo Centro Universitário UniAmérica (Brasil), pós-graduado- em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa pela Universidade de Aveiro (Portugal) e Licenciado em Ensino de Português pela Universidade Eduardo Mondlane.
É docente, pesquisador e director de Qualidade, Inovação, Pesquisa e Extensão na Universidade Wutivi (UniTiva). Autor de dos livros Políticas Linguísticas e Nacionalização do Português de Moçambique (Epígrafe, 2014) e Políticas Linguísticas e Políticas Educacionais em Moçambique: Prefiguração e Performatização de Identidades (Epígrafe/ Sagaz, 2022) e de diversos artigos publicados no Brasil, Portugal e Espanha. Já foi docente na Universidade Pedagógica (Moçambique) e na UniAmérica (Brasil).
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