Provedores de Serviços às comunidades debatem violência contra rapariga no distrito de Guijá

DESTAQUE SOCIEDADE

A Sala de Conferências do hotel Mira Rio no distrito de Guijá, na província de Gaza recebeu no dia 08  de Junho corrente, os provedores de serviços da área de atendimento à criança vítima de violência e representantes de diversas comunidades do Distrito de Guijá para debater e encontrar soluções para a recente onda que agressão a raparigas que deflagrou naquele distrito. Sessão decorreu sob o tema “Violência contra Criança com Enfoque nas Uniões Prematuras, Gravidezes Precoces, Assédio e Violação Sexual”, e foi especialmente destinada aos provedores de serviços das áreas de saúde, educação, justiça, líderes tradicionais e religiosos, presidentes dos conselhos de escola, professores, pais e encarregados de educação bem como para as raparigas como agentes importantes na estratégia de prevenção e combate às uniões Prematuras.

Com vista a desenhar as estratégias para a prevenção e combate da violência contra a criança e rapariga em Guijá, os provedores de serviços comunitários partilharam dados inerentes a diversos caos identificados e registados durante o primeiro semestre deste ano, onde de acordo com o director dos Serviços Distritais de Educação, Emprego e Tecnologia, Sérgio Zitha, “foram registrados neste período 29 casos de gravidezes precoces dentro das escolas do distrito, e por conta disso cinco raparigas desistiram das aulas, e outras 24 foram reintegradas e continuam até hoje a frequentar a escola”.

Zitha acrescenta ainda que foi feito um trabalho de base a nível local que tinha o objectivo de sensibilizar os pais e encarregados de educação locais para que não permitam que as filhas se envolvam em relacionamentos ou gravidezes prematuras, e caso isso aconteça estas não devem desistir das aulas escolares por conta da Gravidez.

“Ainda persistem muitos casos de gravidezes precoces no distrito de Guijá. Um dos grandes desafios que os Serviços Distritais da Saúde, Mulher e Acção Social enfrenta é que as famílias não denunciam pelo facto de na comunidade todos serem família e todos se conhecerem e com isso as raparigas sofrem intimidação da própria família e da família do agressor, incutindo-as que não podem denunciar pois a amizade entre os pais pode acabar”, acrescentou Guilhermina Sitoe, directora dos serviços distritais de saúde, mulher e Acção social de Guija, também presente na sessão .

Por sua vez a Chefe do Gabinete de Atendimento à Família e Menor Vítima de Violência, também secundou as falas da Dra. Guilhermina Sitoe e referiu que a maior parte das meninas que vivenciaram uma gravidez precoce ou uma união prematura nunca denunciam os agressores, são orientadas a dizer que o agressor não aceitou a gravidez ou que este se encontra na África do Sul.

O que não constitui verdade, pois a maioria destes agressores são pessoas adultas e conhecidas pela família da menor.

De realçar que a Mesa Redonda foi realizada no âmbito do Projecto “Prevenção e Redução de Violações de Direitos de Género, Gravidez na Adolescência e uniões prematuras em adolescentes e jovens em Moçambique e Zimbábwe”, uma iniciativa implementada pelo ROSC, e Associação KUTENGA no Distrito de Ka Maxaquene, na Cidade de Maputo e pela AJUCOM, no distrito de Guijá, em Gaza, que conta com o apoio da Terre Des Hommes Deutschland.

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