A direcção do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social (IDES), instituição criada em Dezembro de 2021 e com o rótulo de Organização sem Fins Lucrativos, está se acusada de desvio de avultadas somas de dinheiro que foram alocados para implementação de projectos de assistência humanitárias na província de Cabo Delgado para benefício próprio. Os membros da direcção, Filder Teterenciano (director executivo) e Zito Pedro (presidente da mesa da assembleia geral) são acusados, por um lado, de viciação e sobrefaturação no processo de compra de materiais de escritório, por outro, estão implicados de recrutar pessoas sem competências para o efeito. Na sua versão dos factos, a direcção IDES disse que a denúncia foi feita por pessoas mal intencionadas que querem manchar o nome da instituição sem fins lucrativos
Os doadores já não confiam o seu dinheiro ao Governo para a implementação de projectos devido aos recorrentes esquemas de corrupção e desvios de aplicação. E parece que algumas Organizações Sem Fins Lucrativos estão a seguir os passos do Executivo.
De acordo com Castigo Mateus (nome fictício), o alegado esquema de desvio de fundos iniciou em Maio de 2022 quando Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social beneficiou-se de duas subvenções. Na primeira, a IDES foi contratada pela Fundação Aga Khan Moçambique para implementar um projecto de coesão social que foi financiado pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para projectos em Moçambique (UNOPS), enquanto segunda, por sinal em Novembro do mesmo ano (2022) foi indicada para prestar serviços a própria UNOPS.
Para implementar o projecto Fundação Aga Khan Moçambique, o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social recebeu cerca de dois milhões de meticais. No entanto, segundo Mateus, o valor foi desviado para outras aplicações que até hoje não foram justificadas.
Aliás, consta que parte do valor alocado por aquela fundação era destinado para a compra de matérias e consumíveis de escritório, mas a direção do IDES preferiu fintar o concurso público para o fornecimento do material em alusão avaliado em 800 mil meticais, sendo que até hoje ainda não apresentou facturas.
Castigo Mateus conta que logo depois que dois milhões de meticais da Fundação Aga Khan Moçambique os membros da direcção mudaram de vida, tendo no intervalo de meses comprado viaturas de alta cilindrada.
Ainda de acordo com a fonte que temos vindo a citar, a direcção do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social convocou uma Assembleia Geral Extraordinária, mas decidiu fazer uma inovação, ou seja, não partilhou os relatórios financeiros que são indispensáveis para comprovar a saúde financeira da instituição, sendo que o Conselho Fiscal não chegou de receber nenhum relatório de contas da direcção.
Direcção refuta as acusações e aponta que as mesmas vêm de pessoas mal intencionadas
A suposta má gestão dos fundos alocados para projectos em Cabo Delgado chegou aos ouvidos do Escritório das Nações Unidas de Serviços para projectos em Moçambique e, por via disso, houve promessas de uma auditoria nas contas da empresa. Contudo, a mesma não chegou de avançar porque os membros da direcção tem “padrinhos” dentro UNOPS
“Chegou um simples documento pedindo para que eles se organizem; Sem colocar uma auditoria profunda para saber se realmente o valor que deveria ser usado para desenvolver actividade de população mais necessitada foi bem usado ou não” declarou a fonte.
Para controlar o dinheiro que entrava na instituição, a direcção indicou um terceiro interviniente como terceiro titular da conta bancária da instituição. Mas Castigo Mateus não tem dúvidas que este foi absorvido pelo “sistema” e perdeu a capacidade de travar o desvio de fundos, visto que fazia vista grossa a transações estranhas.
“Este individuo não fazia mesmo recebendo notificações bancárias fora da hora de trabalho. Nunca questionou as razões por de trás da mesma. A última vez que um membro lhe abordou pedindo a notificação disse que perdeu o e-mail das notificações, referindo que não tinha mais acesso ao e-mail. Tenho a certeza que era uma estratégia clara de mostrar evidências de desvio de fundos” avançou.
Pesa ainda sobre os membros da direcção da IDES a acusação de contratar pessoas sem competências para fazer parte do quadro pessoal da instituição, sendo que no grosso das vezes são indivíduos com alguma ligação com a direcção.
Em representação do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social, Vasco King, numa curta conversa com o Evidências refutou as acusações de desvio de fundos, declarando que a denúncia foi feita por pessoas com ligações directas com aquela instituição sem fins lucrativos.
“Não sou reconheço esses valores porque não estou ligado ao departamento das finanças da instituição. Não sei de onde vem a tal acusação inundável, as pessoas só querem sujar o nome da IDES. Sobre a contratação de pessoas sem competências a associação criou-se numa data e havia membros fundadores. Não há nenhum processo legal que impede que isso seja feito. Acredito que sejam membros fundadores com a ligação directa a instituição que fizeram essa denúncia”, referiu King para depois declarar que o único projecto para implementar projectos sociais é com a Fundação Aga Khan, sendo os restantes de prestação de serviços de consultoria.
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