Fuga de «novos quadros» de Moçambique para o estrangeiro

OPINIÃO

Afonso Almeida Brandão

Muitos se indignaram quando os Governantes tiveram a ousadia de verbalizar uma evidência: quem, referindo-se aos Professores e a outros desempregados Formação Académica e com Habilitações, não tivesse lugar no Mercado de Trabalho deveria olhar para as alternativas que o Estrangeiro poderia oferecer. Não tardou a que isto fosse lido como um convite à emigração ou, pior, a um “correr com os Quadros Moçambicanos do país”.

Filipe Nyusi, ainda recentemente, falou do assunto sem que caísse Carmo e Trindade, verdade seja dita.

Há, porém, diferenças de monta:

Se alguns desses Governantes ou Políticos salientam aquilo que era evidente para todos, em 2020, sob profundas restrições financeiras e contratuais impostas pela “Má Governação da FRELIMO e dos seus ministros de Aviário”, já Nyusi fê-lo recentemente, o que acabou por originar mais revolta e frustração em relação às intervenções já observadas sobre a mesma e triste realidade que Moçambique atravessa.

De igual forma, alguns dos nossos Governantes fizeram-no de forma (?) inocente, em resposta a algumas perguntas colocadas pela Comunicação Social e conhecidos Analistas.

Foi directo, frontal, mas pouco cauteloso, não se apercebendo da armadilha. Os nossos ministros, deram a sugestão sem que ninguém lhes tivesse perguntado nada, aproveitando os artigos de opinião que foram publicados na nossa Imprensa.

Fizeram-no com conforto (e desplante!) de poder dizer tudo o que lhes apetece, sabendo que seriam perdoados ou olhados com a típica bonomia da Comunicação Social de Esquerda Socialista à qual estão incluídos jornais como NOTÍCIAS, Diário de Moçambique, DOMINGO, PÚBLICO, ZAMBEZE (além de outros Órgãos de (deles) Comunicação Social ligados “à pandilha”), que jamais deixariam “a coisa” tomar outras proporções.

E, por último, fizeram-no quebrando (como sempre!) as promessas eleitorais, que ainda hoje não cumpriu, de Revisão de Salários da Carreira Docente dos Professores Moçambicanos, quer do Ensino Primário, Secundário e Universitário. Por conseguinte, a todos os níveis.

Serve o lembrete para realçar os resultados das opiniões dos Analistas e dos Jornalistas atentos a estas questões, publicadas na IMPRENSA relativamente à Opinião dos “nossos”Governantes Adormecidos e Aldrabões, do Presidente da República e a alternativa dos FRELIMISTAS e seus Políticos “de trazer por casa”…

Segundo o “barómetro”, Filipe Nyusi continua a ter todas as condições para continuar ao “Leme do País”, que é como quem diz, no “Poleiro”, bastando que continue a “empatar” a Oposição da RENAMO e do MDM! Ainda assim é verdadeiramente surpreendente a elevada percentagem de Moçambicanos que consideram que o actual Presidente da República e da maior parte dos seus ministroscem funções tem condições para se manter no cargo… Das duas uma:

  1. Ou os discursos desta gente foi feita para “atirar areia para os olhos” do Povo ou para continuarem todos a ZOMBAR da situação em que nos encontramos;
  2. Ou os Moçambicanos perderam, por completo, a noção dos valores e qualidades mínimas que os governantes devem possuir para, e sobretudo quando, exercem funções.

Inclino-me mais para a segunda consideração, já que não nos parece que, mesmo na SEIO da FRELIMO, haja tantas pessoas que desejam a continuação de NYUSI  e da “cambada dos seus Ministros no poleiro”…

E a maior preocupação não advém do resultado propriamente dito, antes da sua causa. Todos os dados estatísticos relevantes (que não os da Macroeconomia, até porque esses dependem muito menos da Política Interna e estão bastante sujeitos a variáveis que o Governo não controla) apontam hoje um Moçambique mais pobre, mais fraco, menos competitivo, menos qualificado, menos sério, mais Corrupto, mais LADRÃO e com piores índices comparativos face a outros países dos PALOP´s, que há menos de uma Década seguiam bastante atrás de nós. Todas as Políticas Governativas, sem excepção, resultaram em redundantes falhanços. O que lamentamos sinceramente que assim seja.

O que leva, então, a que Filipe Nyusi mantenha o seu “estado de (des)graça” junto da Opinião Pública?

São vários os factores, a começar pelo elevado número de dependentes, directos e indirectos, do Estado, todos eles mais confortáveis com regimes FrelimistaChuxa-Lista de Esquerda e, sobretudo, com a manutenção do persistente e vergonhoso “status quo”.

Qualquer mudança Governativa poder-se-ia traduzir numa perda de Rendimentos, Apoios Vários, Subsídios ou Oportunidades.Segundo, porque há muito que se promove o individualismo capeado por uma Falsa Solidariedade Social. Ou seja: primeiro EU, depois EU e por último EU… Depois de EU/ELES estar/estarem muito bem, então fazer Acções de Solidariedade de Monta, que garantam capas de Jornal, Revista, Rádio, TV ou abertura de noticiários para mostrar o quão caridoso EU SOU/SÃO. Ou dito de modo mais cru: é como roubar a 50 para poder dar a 10, relevando a Oferta e não o Crime. É esta a Cultura que se promoveu, à custa do indivíduo e das minorias e nunca a olhar para a Sociedade como um todo, fazendo-a crescer de forma Equilibrada e, sobretudo, Sustentável.

Por último – e mais grave – a cobertura e ênfase comunicacional que se dá às notícias e aos personagens. NYUSI é um comunicador “barato” e oportunista (embora um mau falante de português) porque assim é e lho permitem. Porque quase nunca é questionado com perguntas incómodas e, nas raras vezes em que tal sucede, foge delas como o Diabo da Cruz, com a complacência dos jornalistas que aceitam qualquer resposta ou justificação.

É que, muito para lá dos interesses obscuros da “Comunicação Social da Treta”— a começar pelas Fontes Estatais de Financiamento — que o diga o “analfabeto” do Francisco Rodolfo, Chefe do Gabinete de Imprensa da FRELIMO — que a Classe Jornalística é, tendencialmente fraca e os poucos que têm conhecimentos e capacidade para fazer perguntas incómodas encontram-se manietados pelas Redacções e Administrações, vendo-se forçados a abdicar da sua Independência e Isenção pela garantia do cheque mensal. Há que dizê-lo com frontalidade, Senhores.

Entenderam, então, as Administrações “mascarar essa pretensa independência”com uma caterva de “opinion makers”, Comentadores ou Pretensos analistas — como é o caso do “convencido” Tomás Vieira Mário e do “nosso” Mia-Mia Couto que pouco ou nada sabem e que desfazem em discursos redondos e cabotinos, também eles, afinal, subjugados aos milhares de Meticais que as suas intervenções representam.

Em qualquer País onde houvesse Verdadeiro Jornalismo, Filipe Nyusi há muito que não seria Presidente da República e a maioria dos seus Ministro que continuam no activo, na Assembleia da República, ali para os lados da Av. 24 de Julho (antigo Edifício do Cinema São Gabriel, para quem não sabe), assim como uma boa parte dos Presidentes de Câmara e Administradores de Distrito.

E nem seriam permitidas as diatribes de que a Senhora Presidente da A.R. tanto abusa. O Deputado Venâncio Mondlane que confirme. E, acima de tudo, jamais alguns dos Deputados ou Governantes da FRELIMO beneficiariam da complacência dos Moçambicanos e do Primeiro-Ministro, Adriano Maleiane. A Oposição da RENAMO e do MDP que confirme se é ou não verdade o que constatamos e deixamos aqui registado em letra de forma.

O tratamento das peças jornalísticas e da importância que se lhes dá é parcial e condiciona a opinião pública. Bateu no fundo e mais ainda baterá quando estiver verdadeiramente em causa a sobrevivência política de Filipe Nyusi e dos seus apaniguados servidores. Felizmente que temos bons Cronistas e Analistas a opinar com objectividade, seriedade e qualidade. Refiro-me, a título de exemplo, os nomes dos Jornalistas José Carlos Matsinhe, Alexandre Chiúre, Nelson Mucandze, Estêvão Chavisso, Félix de Esperança, Reginaldo Tchambule e Salomão Moyana (embora este se encontre um tanto ou quanto retirado da profissão)e por fim o nome do Analista e Sociólogo, Luca Bussotti —que tem dignificado e previliado,de forma responsável,os assuntos Globais alusivos a África Austral,Países dos PALOPs e Europa, na nossa Imprensa Livre e Democrata.

Para concluir, já agora — e só por mera curiosidade — alguém é capaz de publicar o número de Jovens Qualificados que Emigraram nos últimos 10 anos de Moçambique e confrontar o Presidente da República e os seus Ministro “de faca e alguidar” com os reais números desses Quadros Qualificados, em detrimento da nossa Sociedade?

É que estamos mesmo curiosos em saber.

Ou também fazem parte dos (ditos) Ficheiros Classificados…?

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