Primeiro dia da greve registou mau atendimento

DESTAQUE POLÍTICA SAÚDE
  • Hospitais em funcionamento “arranjado”
  • Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique anunciou que não irá aderir à paralisação

Os médicos iniciaram, esta segunda-feira, a segunda fase da greve nacional, que deve durar 21 dias prorrogáveis. Diferente da primeira grave daqueles profissionais, a Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) anunciou que não irá aderir à paralisação. Esta segunda, os hospitais registavam um mau atendimento, lentidão, negligência e enchentes. A classe justifica a retoma com a falta de cumprimento dos acordos alcançados com o governo, por exemplo, de uma lista de 15 exigências feitas pela classe médica, o governo cumpriu apenas a questão de enquadramento na nova tabela salarial (TSU). Porém, o Governo reitera as mesmas promessas que não consegue cumprir desde o ano passado.

Os médicos iniciaram, esta segunda-feira, a segunda fase da terceira greve nacional. No terreno, foi possível testemunhar o mau atendimento, lentidão, negligência. Por exemplo, no Hospital Geral José Macamo, dos 15 médicos do Banco de Socorro que fazem parte no turno da manhã, apenas estavam 7, ou seja, abaixo da metade.

A associação justifica que a decisão do regresso à greve após a suspensão de uma outra convocada em Dezembro surge da falta de cumprimento dos acordos outrora alcançados com o Governo nas negociações realizadas no final do ano passado.

“O Governo prometeu resolver a questão de cortes salariais e a falta de pagamentos de horas extras a partir de Fevereiro, mas até agora não houve resultados. No sábado, tivemos um encontro com uma nova equipa do Governo, deferente da equipa que estava a negociar com os médicos em Dezembro, e que agora nos informou que não vai implementar o que acordámos anteriormente”, explicou Milton Tatia.

A classe médica moçambicana já havia expressado o seu descontentamento perante a situação que viveu em Novembro do ano passado, aquando do adiamento da primeira greve.

Feito isto, teria havido sucessivos encontros da AMM com os ministros da Economia e da Saúde, onde se apostou em “dar tempo ao Governo” para “implementar os princípios acordados”.

A constante mudança de interlocutores delegados pelo Governo revelou para a AMM falta de transparência sobre a “forma como os salários dos médicos estão a ser ou não processados”, e isso teria sido um dos motivos do total fracasso das negociações até o momento.

MISAU minimiza a dor dos pacientes

Em representação do Ministério da Saúde (MISAU), Manuel Macebe, minimizou o problema e avançou que os médicos quando se vêm injustiçados preferem, primeiro, “queixar” na associação dos médicos e só depois as suas inquietações chegam ao ministério, instituição empregadora.

No entanto, disse ainda que “duas das questões mais urgentes são resolvíveis até próximo mês, Agosto”, e pede que os médicos continuem colaborando com o MISAU como sempre foi.

Mas os médicos não cedem. A AMM diz que a paralisação vai prolongar-se até à correcção de diversas irregularidades e a implementação dos acordos alcançados.

“No âmbito do processo de monitoria dos diversos acordos firmados entre o Governo de Moçambique e a AMM, a classe médica analisou, no passado dia 07 de Junho, em reunião nacional, o grau de implementação destes acordos, tendo-se constatado um grande incumprimento”, refere o comunicado da AMM.

Face ao incumprimento dos acordos, assim como de várias irregularidades que culminaram com as reduções salariais no mês de Maio, foi mandatado o Conselho de Direcção da Associação Médica de Moçambique para convocar a segunda fase da terceira greve nacional da classe.

Lembremos que no passado dia 09 de Junho, a classe enviou ao Governo uma carta contendo um conjunto de irregularidades que a Associação pretende ver resolvidas. O documento foi enviado ao Ministério da Saúde, com conhecimento do Presidente da República, do primeiro ministro, da ministra da Administração Estatal, da ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, dando a conhecer o reinício da greve. Nos próximos dias, a classe irá publicar as directrizes que irão nortear esta fase da greve.

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