As negociações entre o Governo e a Associação Medica de Moçambique (AMM) não chegaram a bom porto. O Executivo prontificou-se a resolver cinco das 15 inquietações apresentadas pelos profissionais de saúde. Na quarta-feira, 26 de Julho, a AMM veio ao terreno anunciar a classe vai reunir na sexta-feira, 28 de Julho, com vista a prorrogar a greve por mais 21 dias, visto que não existem condições para a suspensão da mesma.
De acordo com o presidente da Associação Médica de Moçambique, Milton Tatia, que falava depois da reunião com os associados na Cidade de Maputo, o Governo tem optado em mandar recados através da imprensa ao invés de dialogar com os médicos.
A situação econômica do país tem sido o cavalo de batalha do Executivo no diferindo com os médicos o que na óptica de Tatia é conhecimento dos médicos que abriram mão de todas as reivindicações no âmbito do acordo rubricado em Fevereiro do corrente ano.
“Cedemos na redução dos subsídios de exclusividade de 40 por cento para cinco por cento, do subsídio de turno de 30 para cinco por cento e assim em diante. Portanto, nós temos consciência das dificuldades que o nosso país enfrenta, mas o que nós não percebemos é que, no meio destas dificuldades, estejam a ser realizadas reuniões, formações, seminários, fora da cidade de Maputo”, referiu o presidente da AMM para depois denunciar que há hospital que não tem corrente eléctrica por falta de pagamentos de facturas.
“Não cabe ainda na nossa cabeça como é que numa semana em que um hospital da cidade de Maputo não tem energia por falta de pagamento, outro não tem água e o Hospital Central de Maputo que é a maior unidade sanitária do país não tem oxigénio porque não pagou o seu credor, seja realizada uma reunião de cinco dias na praia da Macaneta com todos os custos como deslocação, combustível, acomodação e ajudas de custos”.
Em Dezembro de 2022, os médicos que aderiram à greve foram alvos de processos disciplinares, sendo que alguns até sofreram cortes nos seus ordenados. Na presente greve, Milton Tatia, presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), advertiu que possíveis incumprimentos podiam levar a classe a mudar de alguns pontos no seu caderno de reivindicações.
No entanto, o Ministério da Saúde que tem marcado faltas aos médicos que aderiram à greve. Para além das faltas, Milton Tatia revelou que há profissionais da classe que estão a ser alvo de ameaças.
“Portanto, é-nos difícil confiar que estes problemas de facto serão resolvidos. Temos estado a notar também uma onda crescente de intimidações que tem levado à marcação de faltas. Existem colegas que mesmo a prestarem serviços mínimos estão a ser marcados faltas. Há colegas que foram ameaçados no sentido de que não terão um parecer favorável para renovação dos seus contratos e outros não terão nomeação definitiva”.
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