Activistas defendem que Moçambique evoluiu quanto à paridade de gênero mas existem grandes desafios por ultrapassar

DESTAQUE SOCIEDADE

Embora Moçambique tenha passado a fazer parte dos 14 países que alcançaram recentemente a paridade de género na composição do executivo, muitas são  as vozes que de actores sociais que saúdam o feito histórico, embora refiram que há ainda muitro que se fazer para que a igualdade de género se torne realidade, pois persistem focos de discriminação da mulher no país, principalmente no seio das famílias e das comunidades onde esta continua a ser subalternizada e tratada como inferior. Moçambique atingiu a paridade de género depois da remodelação do governo realizada em Março do ano passado, onde do total de 22 ministros, 11 são homens e igual número são mulheres. Trata-se de um marco histórico que reafirma o compromisso do país na promoção da igualdade de género e emancipação da mulher, bem como eliminar as barreiras que as impediam de ascender a cargos de relevo.

Para a activista social Pâmela Pureza, o país ainda está longe de alcançar a verdadeira igualdade de género, sobretudo no meio rural onde a mulher ainda é vista como uma especie de “doméstica” e defende que o assunto não gira apenas em torno das mulheres, pois para que estas ascendam a cargos de chefia devem priorizar a sua  instrução acadêmica bem como profissional.

“Temos sim mulheres representadas no parlamento que ocupam altos lugares de liderança no país, mas ainda há muito que ser feito. Muitas das mulheres que se encontram nas zonas rurais, que muito tem feito para o desenvolvimento das suas comunidades e contribuem para o desenvolvimento do país não são reconhecidas. A igualdade de género nos remete a que todos tenhamos os mesmos direitos e deveres, independentemente da nossa cor, sexo, tribo, etnia, raça, orientação sexual, idade entre outros”, referiu.

Avança que só pelo facto de estar em uma sociedade culturalmente machista haverá sempre barreiras para se ultrapassar a situação de discriminação baseada no género uma vez que a mudança de comportamento não é algo instantâneo, pois se tratando de uma generalidade isso poderá levar um tempo relativamente longo”, acrescentou.

No entanto há que advoga que a desigualdade de gênero dá-se essencialmente por causa da   disponibilização de oportunidades que na maioria das vezes não beneficia ambos gêneros de igual forma, e quem assim refere é a Assistente de Género e Direitos Humanos, Alice Macarringue.

“A sociedade moçambicana ainda não entende bem esta questão de igualdade de género, porque muitas vezes pensa que a igualdade de género é quando se trata de questões de empregabilidade e oportunidades económicas, mas a igualdade de género inicia dentro da própria família, quando não distinguimos tarefas para homens e tarefas para mulheres. Por exemplo, muitas vezes as mulheres são sobrecarregadas com tarefas domésticas (lavar a louça, cozinhar, cuidar das crianças, fazer limpeza da casa, entre outras), enquanto o homem está sentado e não pode fazer tais tarefas pelo simples facto de achar que tarefas domésticas devem ser feitas só por mulheres”, lembra.

E como tal, a igualdade de género é algo que deve ser conquistada dia após dia embora o país tenha mulheres a ocuparem espaços políticos ao mais alto nível e estejam envolvidas nos espaços cívicos de tomada de decisão, muito há ainda que ser feito para que se alcance a igualdade.

Por seu  turno, o sociólogo Agnaldo Oficiano diz que apesar da paridade governativa, muitas mulheres ainda não conhecem os seus direitos e por isso não tem como exigi-los, visto que a maior parte das mulheres em Moçambique está nas zonas rurais, e grande parte não conhece as leis que as defendem e protegem por muitas vezes não serem letradas.

 

“Para o alcance da verdadeira igualdade de género no país é importante que as leis saiam dos papéis e sejam implementadas em todos os espaços de pertença da vida das mulheres”

Torna-se desejanvel que o desafio para o alcance da igualdade de género em Moçambique passe pela implementação das várias leis que estão no  papel e inspeção das que já estão em vigor.

Facebook Comments

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *