- Após perder 126 milhões no primeiro semestre
Nos últimos anos, a vandalização e roubo de energia elétrica causaram avultadas perdas nos cofres da Electricidade de Moçambique. Entre Janeiro e Julho do ano em curso, a EDM teve prejuízos de 126 milhões de meticais devido aos dois fenómenos, por isso, no âmbito das celebrações do 46º aniversário, a Electricidade de Moçambique promoveu, no domingo, 27 de Agosto, uma campanha de sensibilização no bairro de Boquisso, arredores do município da Matola. A iniciativa foi apadrinhada pelo astro da música moçambicana, Mr Bow.
Duarte Sitoe
Para além de lesar os cofres da Electricidade de Moçambique, a vandalização e roubo de energia eléctrica podem colocar em risco o plano de iluminar o país do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico até 2030.
Com o claro objectivo de acabar com essas práticas, a EDM escalou, na última semana, o bairro de Boquisso, onde levou a cabo uma campanha de sensibilização contra vandalização e roubo de energia eléctrica, que só nos primeiros sete meses do ano em curso geraram um prejuízo na ordem de 126 milhões de meticais.
Segundo Samuel Guambe, director da Área de Serviço ao Cliente de Infulene, a campanha apadrinhada por Mr Bow visava consciencializar os clientes a não abraçarem esquemas ilícitos para consumirem energia.
“Esse trabalho representa muito para nós porque estamos a trazer a consciência aos nossos clientes sobre o roubo de energia e vandalização”, disse Guambe, para depois referir que a EDM tem feito campanhas de sensibilização no seio dos seus trabalhadores para desencorajar ligações clandestinas.
“Temos feito um trabalho de triagem ao nível da EDM para desencorajar os nossos colegas e a população em geral para que não entre em esquemas de redes clandestinas. Escolhemos Boquisso porque é uma zona que demanda muita energia em termos de solicitações, achamos que era oportuno vir cá mostrar a nossa cara para motivar os clientes que estamos com eles nessa missão de fornecer energia. Fazemos essas campanhas de forma recorrente, mas por se tratar dos 46 anos achamos que ia trazer um impacto para enaltecer o dia. Vimos o impacto de trazer uma figura pública para falar com os nossos clientes sobre roubo de energia e vandalização”, referiu.
Para Mr Bow, embaixador da iniciativa, as campanhas de consciencialização das comunidades sobre roubo de energia e vandalização devem ser contínuas porque em todo território nacional há cenários que, para além de prejudicar a EDM, prejudicam os moçambicanos no geral.
O astro da música moçambicana não tem dúvidas que o roubo de energia e vandalização das infra-estruturas prejudicam sobremaneira o plano de iluminar Moçambique até 2030, tendo instado, por isso, aos clientes da Electricidade de Moçambique para denunciarem esses fenómenos.
“O objectivo da EDM é fazer com que o nosso país consiga alcançar mais pessoas, é fazer com que o nosso país consiga iluminar na totalidade, mas para isso é importante que nós como moçambicanos sejamos vigilantes, responsáveis no consumo de energia, porque enquanto existirem esses cenários de roubo e mais alguma coisa que não está na linha certa, isso vai retroceder o processo. Isso vai fazer com que os jovens que vão construir daqui a dois ou três anos não tenham acesso à energia por conta de uma atitude que nós cometemos. Acho que todos que fazem esse tipo de coisas devem parar e devem ser denunciadas as pessoas que roubam energia”, disse Bow.
Na qualidade de residente de Boquisso, Filipe Magaia referiu que a vandalização das infra-estruturas da Electricidade de Moçambique ao nível daquele bairro tende a reduzir nos últimos anos, tendo ainda referido que depois da campanha de sensibilização as pessoas que roubam energia vão abandonar essa prática.
“No passado, sofríamos com a vandalização das infra-estruturas da EDM, mas isso reduziu em 2023, em comparação com os outros anos. Há muito que pedimos a iluminação nos PTs, porque isso ajuda a identificar as pessoas que vandalizam. O nosso quarteirão sofreu muito, entre 2019 e 2020, com o roubo dos PTs. Acredito que, de hoje em diante, se existirem pessoas que roubam energia, vão abandonar essa prática. A pessoa vai consumir a energia que comprou, e se acabou vai arranjar formas de ter dinheiro para comprar”, declarou Magaia.
Por sua vez, Edgar Mussa, outro morador, apelou aos técnicos da Electricidade de Moçambique para não se envolverem nos esquemas de ligações clandestinas.
“A compra de energia deve ser proporcional ao seu uso. Se quiser pagar pouco, deve usar pouco. Não sei ao certo se tem ligações clandestinas em Boquisso, mas se isso acontecer é uma atitude não profissional, cada um deve zelar pelo seu trabalho. O electricista que faz a manutenção deve optar em fazer o seu trabalho, que é de instalação e verificação regular do estabelecimento, e não entrar nesta via de ligações clandestinas”, concluiu.
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