- Associada ao consumo de álcool e drogas
Nos últimos meses, um pouco pelas principais capitais do país, têm sido relatados confrontos violentos entre gangues formadas por alunos que resultaram em ferimentos graves. O mote das rixas que já foram relatadas com alguma preocupação em Manica e Maputo é ainda desconhecido, mas em todos os casos há um denominador comum: a presença de drogas e álcool. Para conter a situação, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINDH) viu-se obrigado a alocar agentes da polícia e psicólogos nas escolas consideradas críticas, mas diz estar a enfrentar constrangimentos devido exiguidade de fundos para a realização de actividades adicionais para o combate ao consumo de álcool e drogas nas escolas.
Teresa Simango
O consumo de drogas e álcool são dois malefícios que estão cada vez presentes nas escolas, a contar pelos relatos frequentes e até vídeos postos a circular mostrando adolescentes a consumirem álcool e drogas, bem como alguns que precisaram ser levados carregados de tanto estarem embriagados.
Malika Gomes, estudante do ensino secundário, na cidade de Maputo, conhece como ninguém o dilema do consumo de álcool e drogas no recinto escolar, bem como as artimanhas que os estudantes utilizam para despistar a atenção dos professores.
“Na minha escola há alunos que bebem, fumam cigarros eléctricos e ‘uca’ nos pontos cegos da escola e roubam valores na pasta, gravatas e uniforme de outros colegas para irem comprar bebidas e fumar. Alguns desafiam e ameaçam muito os professores. Quando vamos queixar chamam os amigos deles para nos baterem”, relata.
Agness Xiluva explica que as lutas que têm sido registadas nos últimos dias são motivadas por conflitos entre grupos de alunos rivais dentro da escola, e quando não conseguem resolver sozinhos pedem suporte de estudantes de outras escolas, que aparecem drogados e embriagados para ajudar no final das aulas.
“Alguns colegas até discutem dentro da escola, se ameaçam e no final das aulas lutam, a maioria dos estudantes que vêm para aqui são de outras escolas, e no final todos sofremos porque se aglomeram na saída e nós acabamos sendo vítimas até de roubos. Uma vez, a minha irmã estava a sair da escola a mexer o celular, depois uns moços se aproximaram, mostraram-na faca e arrancaram o celular”, denunciou.
Pedem para tirar cópias e voltam alterados
Reconhecendo a existência de casos de violência, associada ao consumo de estupefacientes e álcool, Sabimo Congolo, director da escola secundária Francisco Manyanga, na Cidade de Maputo, diz que a escola tem feito sensibilização através de palestras.
“Não temos tido muitos casos de alcoólatras no verdadeiro sentido da palavra, alguns alunos usam uca/cigarro eletrónico e dizem ter adquirido através dos pais, e na questão das bebidas alguns alunos conseguem escapulir-se da escola porque pedem para fotocopiar um e outro documento e vão comprar estas bebidas espirituosas para o consumo, principalmente às sextas-feiras. Para mitigar este cenário, a escola tem realizado palestras em todas as reuniões de turma, às quartas-feiras, com os directores das turmas, e são feitas sensibilizações a nível das concentrações para entoação do hino nacional, igualmente trabalhamos com o cantinho do aconselhamento, de forma a que os alunos já identificados possam beneficiar-se de um acompanhamento”, revela.
Revelou ainda que os casos tendem a reduzir, tendo em conta a coordenação da PRM, que tem feito um trabalho, quer dentro da escola quer nas redondezas, o que culminou com a identificação e responsabilização criminal dos fornecedores.
MINEDH diz que aloca psicólogos nas escolas consideradas críticas
O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), através de um responsável da Direcção de Nutrição e Saúde Escolar que pediu para não ser citado, diz estar a realizar diversas actividades de carácter educativo, que são divulgadas por via radiofónica, peças teatrais, marchas, debates televisivos, jornais, bem como a criação de núcleos antidrogas e capacitação de professores e alunos na matéria.
“Temos também realizado encontros para debater estratégias de combate ao álcool e drogas em coordenação com o Gabinete de prevenção e combate à droga (GPCD). Para garantir a protecção e criação de um ambiente seguro nas escolas, foram alocados 25 membros da PRM em igual número de escolas secundárias da cidade de Maputo e 59 psicólogos clínicos em 31 escolas secundárias consideradas críticas no país”, assegurou.
Os maiores constrangimentos enfrentados pelo MIDEH estão no facto de haver relegação de toda a responsabilidade sobre a conduta dos alunos ao sector de educação em detrimento dos pais e encarregados de educação, e na exiguidade de fundos para realização de mais actividades, afiança a fonte
Segundo o Ministério do Género Criança e Acção Social, a participação dos pais na educação e monitoria do comportamento é extremamente importante para evitar o envolvimento dos estudantes no consumo de álcool e drogas nas escolas.
“A participação dos pais na monitoria da educação dos filhos é muito importante, não devemos procurar culpados, mas sim temos que ser rigorosos com a educação das nossas crianças. As crianças vão à escola, e por causa das amizades vão consumindo drogas, muitas vezes o familiar não tem tempo de perguntar como tem sido o dia-a-dia das crianças, apelamos que se responsabilizem no controlo das crianças e procurem controlar os sintomas e compartimento”, explicou Pérsia Cosmo.

Facebook Comments