Roque Silva leva mais lenha à fogueira na Beira

POLÍTICA
  • MDM e Frelimo trocam acusações sobre construção de infra-estruturas

A Frelimo pretende recuperar, ao que indica, a todo custo, o município da Beira nas próximas eleições autárquicas. Recentemente, o secretário-geral do partido no poder, Roque Silva, escalou a Cidade da Beira, onde teceu duras críticas à governação do partido liderado por Albano Carige, referindo que em 20 anos o MDM não fez nada além de inaugurar as infra-estruturas construídas pelo Governo Central. No contra-ataque, o antigo secretário-geral do MDM, José Domingos, que voltou a ter algum protagonismo, acusou o Governo de congelar o Fundo de Compensação Autárquica com o objectivo de afundar o município da Beira, tendo referido que apesar de todas as tentativas a autarquia não se deu por vencida e conseguiu pagar o 13º salário aos mais de dois mil funcionários. Igualmente, referiu que as infra-estruturas do Chiveve, que o Executivo da Frelimo reclama protagonismo, são da iniciativa da autarquia e o Governo só interveio como avalista junto do parceiro internacional que foi, inclusive, “conquistado” pela pelo município.

Jossias sixpence- Beira

Dias depois da cidade da Beira ter vivido uma cena típica das guerras de espadas medievais, protagonizada por membros do MDM e da Frelimo, que com paus e pedras se digladiaram em plena festa da cidade, o secretário-geral da Frelimo, neste momento em périplo pelas províncias no âmbito da preparação das eleições autárquicas, eis que o secretário-geral da Frelimo, Roque Silva, decidiu, ao seu estilo característico, colocar mais lenha na fogueira e atiçar a rivalidade com o MDM.

Num discurso tirado a decalque daquilo que tem sido os seus pronunciamentos públicos pouco polidos, Roque Silva desqualificou a governação do MDM na Beira e disse que o grosso das infra-estruturas construídas nos últimos anos ao nível daquela cidade, nas mãos da oposição desde 2003, são iniciativas do Governo Central.

Na ocasião, o secretário-geral do partido sexagenário lançou duras críticas aos edis que reclamam constantemente do atraso na canalização do Fundo de Compensação Autárquica.

“Eu, às vezes que estou na televisão, vejo esse chefe daqui do município a chorar, sempre, ora porque o governo está a atrasar entregar o Fundo de Compensação Autárquica. Afinal, você está a confiar no fundo do governo? Papá, faça a coisa que você prometeu, o governo da Frelimo está a lhe ajudar. Mesmo essa coisa de reconstrução pós IDAI, o governo está concentrado na construção, não precisa estar sempre a reclamar e culpar o governo. Quem é governo aqui na cidade da Beira, não é ele?”, questionou Silva, em jeito de provocação.

O Movimento Democrático de Moçambique não gostou, e através do seu antigo secretário-geral, José Domingos, não quis perder a oportunidade de responder à farpa lançada por Roque Silva. Domingos referiu que ao invés de se vangloriar com a construção das infra-estruturas na Cidade da Beira, o Governo devia resolver a situação dos que foram obrigados a abandonar as suas residências na Cidade de Maputo devido às enxurradas.

“Se na verdade o Governo central da Frelimo teve a vontade de vir fazer estas obras todas, Maputo até hoje não tem valas de drenagem porquê? Neste momento, neste minuto, há quem abandonou a sua casa por causa de água, não são tão bondosos assim de vir dar valas de drenagem, vir dar o projecto de Chiveve, enquanto eles não têm. Isso é pura mentira. Eu pensava que o secretário-geral da Frelimo fosse um adulto”, declarou Domingos, para posteriormente revelar que o município da Beira não recebeu o Fundo de Compensação Autárquica durante nove meses.

“Disse que grita pedindo dinheiro, o município da Beira não pede dinheiro, está a exigir o que é de direito e o que está combinado. O fundo de compensação autárquica não é favor. Eles pararam de canalizar o fundo nesses 9 meses a pensar que o município da Beira teria problemas de salários e que as obras podiam parar, mas nós somos resilientes”, sublinhou.

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