Divergem interesses e escapa a sujeira na LAM

EDITORIAL

A pergunta que qualquer moçambicano de inteligência média faz é o que está a acontecer na LAM, o que levou FMA a levar tudo que tem para fora e que fins pretende atingir com o seu ar de desespero? Primeiro, partilhou o seu relatório dos três meses de intervenção, no qual assumia compromissos que não se mostraram exequíveis; depois realizou uma reunião com trabalhadores, onde reclamou sabotagem, e quando foi confrontado a mostrar os sabotadores e a responder por que o sucesso que partilha não é visível dentro da empresa, assobiou para um lado e, agora, vem expor tudo e todos, no entanto, mantendo o mesmo tom de que “conseguimos mudar o rumo da LAM”.

 

O que é que pretende provar e a quem? Simples. Mostrar que teve êxito e garantir a renovação de um contrato mais extensivo. O apoio público é importante nessa empreitada, eis a razão de no lugar de partilhar os supostos indícios criminais com a justiça escolheu a opinião pública, que não faz o mínimo exercício de escrutinar os dados da FMA.

 

Grande parte da gestão de empresas públicas em Moçambique é criminosa, desde a falta de uma gestão corporativa, as contribuições destas ao partido e a indicação de pessoas sem competência para assumir cargos-chave. A FMA é uma empresa de comissionistas que explorou o óbvio, prefere escrutínio dos incautos do que se focar nos resultados e apresentar uma LAM estável, pelo contrário, a LAM está pior que antes. Basta isolar as expectativas e olhar para o nível de pontualidade, os casos da IATA e MEX. E a FMA chama isso de sabotagem. A única coisa bonita na LAM são os números.

 

A FMA pretende transmitir a imagem de que encontrou gestores corruptos que resistem à intervenção com medo de serem expostos ou responder criminalmente. É na verdade uma estratégia de pressão, num momento de balanço e com a imagem beliscada, num momento em que propalava que ia ficar por mais de dois anos. A ideia é transmitir uma opinião de que no caso de não se manter não será por incompetência, mas por interesses que divergem na LAM.

 

A renovação do contrato entre IGEPE e a FMA está refém do êxito dos primeiros três meses da intervenção. E a exposição dos devedores, dos gestores incompetentes e da reconciliação das contas é parte desse esforço de mostrar que de facto teve êxito nos primeiros três meses de trabalho.

 

À imprensa, Theunis foi categórico ao afirmar que “a situação mudou e em dois meses todos (que deviam) estão a pagar”. Mas o risco de não estar a ser honesto, como fizeram quando abordados sobre os pagamentos que estão a receber, é maior. A FMA não tem nada de integridade e um dos seus principais mastermind, Peter Mashaba, o técnico que a própria FMA teria assumido que foi responsável pelos milagres da reconciliação das contas, subcontratado para o efeito abandonou aquele consultor por razões que ninguém conhece.

 

A missão da FMA na LAM continua longe de conclusão. Não há, na LAM, meios e nem recursos da FMA a ser alocados, os dois aviões da CEMAIR são pagos pela falida LAM, a mesma que paga os consultores 5 milhões de meticais, apesar da tentativa de desmentir, uma postura que indicia que o pagamento é um roubo a LAM pela FMA. É um jogo de chantagem, fazendo jus a descrição de que estamos diante de lobistas.

 

O mal da gestão de Pó Jorge é palpável, mas há sérios indicadores que provam que a FMA é um mal maior. Mudança da LAM está nos números, passíveis de manipulação, nem os mais de 500 funcionários da LAM e muito menos os passageiros da LAM sentem.

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