Empresários acusam Governo central de travar crescimento da Beira

POLÍTICA
  • Governo usurpou terras do sector privado

O sector privado ao nível da Cidade da Beira, província de Sofala, está de costas voltadas com o Governo devido a aprovação do Decreto que redefiniu e estendeu a nova área portuária e a nova estrada dentro do Porto da Beira. Na opinião dos empresários, a aprovação deste instrumento legal vai travar o desenvolvimento da autarquia, por isso submeteram uma carta ao Gabinete do Primeiro-ministro, Adriano Maleiane, com o objectivo de interceder pela anulação do Decreto que foi aprovado pelo Executivo.

Jossias Sixpence – Beira

Recentemente, uma comitiva de empresários indianos chefiada por Farzam Kamalabadi escalou a Cidade da Beira e na bagagem tinham o objectivo de fortalecer parcerias com o empresariado nacional na sequência da visita que o edil da Beira efectuou no corrente ano àquele país asiático.

No encontro que teve com os empresários sediados na Cidade da Beira, a comitiva indiana mostrou-se entusiasmada com o desenvolvimento da autarquia presidida por Albano Carige, tendo destacado transparência de uso de fundos de investimentos alocados à edilidade.

Na ocasião, Kamalabadi tornou público que os empresários indianos estão abertos para investir em Moçambique e que os mesmos vão apostar na construção de 25 mil casas de baixo custo e na estrada que dá o acesso directo ao Porto da Beira.

“Eu vim aqui em representação de vários empresários que manifestam interesses em investir em vários projectos na Beira, e no mês de Outubro voltarei com vários empresários para juntos fazermos o mapeamento de vários investimentos, com maior foco na construção de 25.000 casas, construção da estrada que dá acesso directo ao porto da Beira, entre outros”, disse Farzam, representante de empresários indianos.

Os empresários sediados na Cidade da Beira estão disponíveis para cooperar com o sector privado da Índia. No entanto, apontam o dedo ao Executivo pelos obstáculos que aparentemente este tem criado para travar o desenvolvimento daquela autarquia.

Um dos grandes calcanhares de Aquiles, na sua opinião, é o Decreto que redefine e estende a área portuária, incluindo a nova estrada dentro da portuária, que no entender do sector privado tem o potencial de bloquear o desenvolvimento.

Em representação do sector privado na Cidade da Beira, Felix Machado, presidente da associação comercial da Beira, criticou a decisão do Governo e tornou público que os empresários já enviaram uma carta ao Primeiro-ministro para reverter a actual situação.

“Isso não faz sentido, já fizemos carta para o primeiro-ministro para fazer revisão do decreto que usurpou terras do sector privado, então só assim que a estrada poderá avançar, queremos trabalhar com governo para corrigir este decreto de modo a viabilizar a construção da estrada que dá acesso ao porto como um pilar de estabelecimento da economia local”, disse Machado.

No que à construção da nova estrada que vai dar acesso ao Porto da Beira diz respeito, o presidente da associação comercial da Beira exorta ao Executivo para redefinir as áreas urbanas, logística, armazém e fábricas “porque actualmente todos os projectos estão misturados”.

Por sua vez, o presidente do município da Beira, Albano Carige, chamou atenção sobre os possíveis constrangimentos que a autarquia por si dirigida poderá ter nos próximos anos devido ao crescimento do parque automóvel, tendo ainda referido que a estrada do porto poderá reduzir o fluxo do movimento de camiões de diversos países e acelerar o fluxo no escoamento de produtos através do porto da Beira.

Entretanto, mostrou-se aberto para qualquer apoio que visa materializar o master plan e explicou que a viagem à Dubai visava necessariamente buscar parcerias, sendo que a visita dos empresários indianos é tida como resposta de diferentes formas de busca de parceria internacionais para investir em diferentes sectores na urbe.

Sobre a construção das 25 mil casas de baixo custo, Albano Carige não adiantou datas, tendo referido que “agora estamos ainda a aprimorar o projecto. Em Outubro, os empresários indianos retornam à Moçambique com outros empresários bilionários para últimos acertos e iremos delinear quando e como podemos avançar.

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