Assédio sexual já faz parte do passado na Escola Secundária Gwaza Muthine

DESTAQUE SOCIEDADE

Depois de muitos anos a sofrerem no silêncio, as alunas da Escola Secundária Gwaza Muthine, localizada no distrito de Marracuene, província de Maputo, ganharam coragem e decidiram denunciar o modus operandi dos professores naquele estabelecimento de ensino. Depois da denúncia que foi feita à margem de um encontro com secretário – geral da Organização da Juventude Moçambicana (0JM), Silva Livone, as estudantes referem que os docentes mudaram de postura, ou seja, o assédio sexual já faz parte do passado na Escola Secundária Gwaza Muthine.

Texto: Duarte Sitoe

Recentemente, uma aluna tornou público que os Professores da Escola Secundária Guaza Muthine condicionavam passagem em troca de sexo. A Secretaria Permanente do distrito do Marracuene, Nércia Mambo, e o secretario – geral da Organização da Juventude Moçambicana mostraram-se preocupados com a ocorrência deste fenômeno que mancha sobremaneira o processo de ensino e aprendizagem.

O sector da educação ao nível do distrito de Marracuene destacou uma equipa multidisciplinar para investigar alegados casos de assédio sexual Escola Secundária Guaza Muthine.

Enquanto ainda decorrem as investigações, o Evidências visitou aquele estabelecimento de ensino e constatou que, segundo as alunas, o assédio sexual já faz parte do passado.

Sheila Martins (nome fictício) contou que desde que foi despoletado que os docentes condicionavam a passagem em troca de sexo os mesmos mudaram de postura.

“Felizmente, a nossa colega denunciou o comportamento dos professores e hoje já podemos respirar de alívio. Sofríamos no silêncio por não ter onde queixar. Agora nenhum professor se atreve a assediar alunas porque sabem que temos o número da secretaria permanente para denunciar. Não vou negar que já fui assediada, mas mesmo perante a ameaças não aceitei dormir com o professor. Espero que nas outras escolas as meninas ganhem coragem para denunciarem esses criminosos”

Joana Manuel faz parte do rol das alunas que foram assediadas pelos professores na Escola Secundária de Gwaza Muthine. A sobrevivente conta que foi salva pelo facto de ter boas notas.

“As alunas que não tem boas notas são as mais assediadas pelos professores. Algumas chegam a dormir com eles para passarem de classe. No primeiro trimestre do ano em curso foi conquistada por um professor, ele alegava que podia me ajudar a passar de classe porque é amigo de todos docentes. Não aceitei porque tinha boas notas e para se vingar começou a me dar negativas. Perante aquela situação chamei o meu pai para falar com ele, mas não disse que fui assediada”, contou Manuel para posteriormente referir que o professor assediador mudou de postura depois de ser confrontado pelo seu pai.

Por sua vez, uma professora que preferiu se identificar pelo nome de Jéssica reconheceu que o assédio sexual   naquele estabelecimento de ensino é uma realidade, mas, para além dos professores, apontou o dedo as alunas.

“Sou professora e conheço o grosso das alunas desta escola. Há alunas que não estudam porque confiam no seu próprio corpo para passar de classe. É uma triste realidade, mas há professores que assediam alunas. A denúncia veio numa boa altura e as coisas mudaram. Sou mãe e não gostaria que as minhas filhas passassem pela mesma situação, por isso tenho incentivado as raparigas para denunciarem os professores assediadores”

Contactado pelo Evidências para falar do estágio das investigações, o sector da educação ao nível do distrito de Marracuene   foi parco nas palavras, tendo se limitado a dizer que o assunto está nas mãos das entidades competentes.

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